A bandeira nacional ucraniana foi hasteada na cidade de Slaviansk, reduto separatista pró-russo no leste do país que passou para o controle das forças de Kiev neste sábado, anunciou o ministro da Defesa, Valeri Gueletei.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, havia dado a ordem de afirmar simbolicamente a reconquista desta cidade, que pode significar uma guinada na operação antiterrorista destinada a retomar o controle das zonas separatistas pró-russas de Donetsk e Lugansk.
O autoproclamado prefeito de Slaviansk confirmou à AFP que os insurgentes haviam fugido desta cidade de 120.000 habitantes.
A tomada desta cidade, nas mãos dos insurgentes desde 6 de abril, é a maior vitória do exército ucraniano no conflito, que já dura três meses e colocou em perigo a unidade desta ex-república soviética.
Grande parte dos combatentes pró-russos e seu principal chefe fugiram de Slaviansk, um de seus redutos no leste da Ucrânia, anunciou na manhã deste sábado o ministro do Interior ucraniano, Arsen Avakov, em sua página do Facebook.
"Antes do amanhecer, os serviços de informação disseram que Guirkin (Igor Strelkov) e grande parte dos combatentes fugiram de Slaviansk, semeando a confusão entre os poucos que permanecem", escreveu Avakov.
Avakiv disse que os rebeldes estavam fugindo na direção de Gorlivka, uma cidade de 260.000 habitantes situada 50 km a sudeste de Slaviansk, também sob controle da insurgência pró-russa.
A Ucrânia garante que Strelkov é um coronel do serviço de informação militar russo conhecido como Departamento Central de Inteligência (GRU), embora tanto o próprio Strelkov quanto Moscou neguem este vínculo.
Os países ocidentais, por sua vez, consideram que o Kremlin está financiando e armando em segredo os insurgentes para desestabilizar os novos líderes pró-europeus de Kiev e que controla as regiões de língua russa do leste da Ucrânia.
"A fuga dos rebeldes foi uma surpresa. Ninguém sabia o que estava acontecendo", declarou por telefone à AFP um vizinho, Kolya Cherep.
"Nesta manhã vi que não tinha nenhum combatente diante da prefeitura e nas barricadas da cidade", acrescentou.
Slaviansk praticamente vazia
Do lado dos rebeldes, o "vice-primeiro-ministro" da autoproclamada república popular de Donetsk, Andrei Pruguin, declarou à AFP que não podia confirmar ou desmentir o abandono de Slaviansk.
"É plausível. A cidade está praticamente vazia e os bombardeios prosseguem", acrescentou.
O novo chefe do Estado-Maior ucraniano, o general Viktor Mujenko, indicou que o exército esteve atacando os rebeldes enquanto tentavam fugir da cidade durante a noite e destruíram um tanque e quatro veículos blindados, informou o serviço de imprensa da presidência.
"Vários grupos dos serviços de informação do exército e da Guarda Nacional estão trabalhando atualmente em Slaviansk", acrescentou.
"Entre as 8 e as 9 da manhã, vi insurgentes saírem de Slaviansk através de Kramatorsk (uma cidade a 15 km). Diziam: 'a cidade caiu, todos estão indo embora'", escreveu no Twitter Tania Lokchina, uma observadora russa da ONG Human Rights Watch que se encontra na região.
Segundo a rede de televisão russa Rossiya 24, os insurgentes transferiram seu quartel-general de Slaviansk a Kramatorsk.
Na sexta-feira, o líder militar da autoproclamada república popular de Donetsk, Igor Strelkov, pediu ajuda a Moscou dizendo que, se uma trégua não fosse alcançada logo, a cidade cairia em pouco tempo.
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