Com a ajuda do Irã e da Síria, a organização palestina Hamas reforçou seu estoque de armas com unidades submarinas e foguetes de maior alcance, que nesta sexta-feira chegaram próximo ao reator nuclear de Dimona, em Israel.
É uma retomada do poderio ofensivo do grupo dois anos depois da ofensiva israelense que quase o dizimou.
Nesta quarta-feira, o Hamas disparou três foguetes M-75 em direção ao reator nuclear de Dimona, no sul de Israel e a 80km de Gaza.
Além disso, um ataque submarino da organização palestina contra uma base militar israelense, registrado em vídeo, quando quatro homens chegaram ao local pela água, revela o reforço em sua capacidade de operar no mar, fugindo do bloqueio marítimo à Gaza.
"O Hamas foi muito afetado pela ofensiva das forças israelenses em 2012, mas desde então passaram por um grande processo de rearmamento, graças ao Irã, mas também à Síria", explicou à AFP o coronel Richard Kemp, do Royal United Services Institute (RUSI), de Londres, uma organização de análise militar.
A principal arma utilizada pelas Brigadas Ezzedin al-Qassam - o braço militar do Hamas - é seu variado arsenal de foguetes, alguns com alcance inéditos.
Dois foguetes lançados de Gaza atingiram a cidade portuária de Haifa, no norte, a 165 quilômetros, de acordo com a imprensa israelense. Se a informação for confirmada, seria a maior distância percorrida por foguetes disparados do território palestino.
Ataque submarino surpreendente
O Hamas ganhou desde 2012 mísseis iranianos Fajr-5, com alcance de 75km, e os M75, construídos em Gaza, que chegam a 80km. Ambos podem atingir Jerusalém e Tel Aviv.
Analistas informam que o grupo agora também conta com foguetes M-302, entregues pela Síria, que transcorrem 160km. Seriam estes os lançados contra o reator nuclear.
Nenhum desses mísseis tem um sistema de teleguiamento, o que torna quase impossível acertar alvos precisos.
"Depois de cada conflito com Israel, o Hamas tem sido capaz de continuar aumentando seu potencial", afirmou à AFP Firas Abi Ali, responsável no Oriente Médio da IHS (Information Handling Services), uma consultora de avaliação de riscos.
"Parece ainda que o Hamas foi capaz, nos últimos dois anos, não só de aumentar o número de foguetes, mas também de aumentar a frequência com que são disparados", acrescentou.
Estima-se que o grupo tinha 10.000 mísseis antes dos conflitos de 2012, e, mesmo muitos tendo sido destruídos, o número hoje seria maior.
Sobre o ataque de quatro unidades submarinas contra uma base militar, próxima a Gaza, foi uma grande surpresa, apesar de todos terem morrido.
"Não tem precedentes", declarou Ali. "Isso sugere que foram submetidos a um treinamento sofisticado, que dispõem de informações de inteligência sobre os israelenses e da capacidade de surpreender taticamente. A ideia é dizer aos israelenses: podemos ir atrás de suas linhas e atacar".
Não há números exatos do efetivo do Hamas, mas o relatório anual do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (ISS, na sigla em inglês) estima que as Brigadas Al-Qassam contem com 10.000 homens, e que as tropas de segurança interna do Hamas somem entre 10.000 e 12.000 pessoas.
A organização "está trabalhando para melhorar seu comando e sua estrutura de controle, quer adquirir armas melhores e criar um programa de treinamento", diz o relatório.
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