A aviação israelense mantinha nesta quinta-feira, pelo terceiro dia, a ofensiva aérea contra Gaza, que matou 82 palestinos até o momento, mas não conseguiu impedir o Hamas de disparar foguetes em direção a Jerusalém.
Diante do aumento da violência, com 31 palestinos mortos apenas nesta quinta, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu um cessar-fogo imediato durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. "É mais urgente do que nunca tentarmos chegar a um entendimento para um retorno à calma e um acordo de cessar-fogo", declarou Ban, reiterando seu "apelo aos dois lados em conflito para que tenham o máximo de contenção".
O presidente russo, Vladimir Putin, fez uma declaração parecida em um telefonema ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pedindo o fim imediato dos confrontos e expressando preocupação com a morte de civis. Já o secretário americano de Estado, John Kerry, alertou que a região está vivendo um momento perigoso, depois de conversar com Netanyahu e com o líder palestino, Mahmud Abbas.
Mas Israel não parece buscar um cessar-fogo com o Hamas e, de acordo com declarações de Netanyahu, isso não estaria nem mesmo na agenda. O Hamas também parece não querer uma trégua, ao lançar nesta quinta-feira a partir de Gaza quatro foguetes contra Jerusalém. Dois deles foram interceptados sobre a cidade e dois outros caíram em zonas desabitadas, declarou o Exército israelense.
Um dos foguetes caiu perto da colônia de Ma'ale Adumim, a leste de Jerusalém, na Cisjordânia ocupada, e um outro, perto de uma prisão militar israelense, de acordo com testemunhas e fontes da segurança palestina. Três violentas explosões foram registradas em Jerusalém pouco depois de as sirenes de alerta terem soado na cidade, obrigando os moradores a buscar abrigo, constatou um correspondente da AFP no local.
Esta é a segunda vez em dois dias que as sirenes de alerta soaram em Jerusalém. As sirenes também foram acionadas na colônia de Ma'ale Adumim, a leste dessa cidade, segundo testemunhas. Testemunhas disseram à AFP que uma explosão atingiu uma zona desabitada em Mishor Adumim, uma região industrial próxima de Ma'ale Adumim.
Ruas vazias
Desde o início das operações, na terça-feira, 82 palestinos morreram e mais de 500 ficaram feridos. Com o aumento do número de vítimas em Gaza, o Egito abriu sua passagem fronteiriça de Rafah, com hospitais no Sinai de prontidão para receber os feridos, declarou a agência oficial do Egito, Mena.
Não há relatos de mortos ou feridos em estado grave até o momento do lado israelense, mas fontes médicas afirmam que uma mulher faleceu nesta quinta-feira, um dia depois de cair tentando encontrar abrigo. "Estamos enfrentando longos dias de combates e o Hamas está tentando surpreender os israelenses com ataques aéreos, por mar e por terra", declarou nesta quinta-feira o ministro da Defesa israelense, Moshe Yaalon.
A violência esvaziou as ruas de Gaza e Tel Aviv, onde a população está amedrontada, perguntando onde cairá o próximo foguete ou míssil. O calçadão de Tel Aviv, geralmente lotado no verão, também estava completamente vazio. Nos cafés de Gaza, o panorama é ainda mais sombrio. Na madrugada desta quinta-feira, oito pessoas morreram e 15 ficaram feridas em um ataque aéreo contra um café de Khan Yunis, onde os clientes assistiam à semifinal da Copa do Mundo entre Argentina e Holanda.
Israel confirmou por meio de várias autoridades que examina uma possível operação terrestre. Há vários dias, tanques estão concentrados ao longo da fronteira de Gaza. "Se o fogo continuar, não descartamos uma incursão terrestre", disse o presidente de Israel, Shimon Peres, à rede CNN a respeito dos disparos de foguetes palestinos.
Perez advertiu que a operação pode ser ordenada "em breve". O governo israelense autorizou a convocação de 40.000 reservistas para o caso de uma operação terrestre. Desde o início da operação, a maior ofensiva militar israelense contra Gaza desde novembro de 2012, as forças de Israel atacaram 860 alvos terroristas, 110 deles nesta quinta-feira..