O ministro britânico das Relações Exteriores, o eurocético e peso pesado do Partido Conservador William Hague, de 53 anos, anunciou nesta segunda-feira que apresentou sua renúncia para se tornar líder da Câmara dos Comuns.
O líder da Câmara dos Comuns tem status de ministro.
"Nesta noite, eu renuncio ao meu posto de ministro das Relações Exteriores para me tornar líder da Câmara dos Comuns", escreveu Hague em sua conta no Twitter.
Hague, que foi ministro das Relações Exteriores por quatro anos, indicou também que não vai se candidatar às eleições legislativas de maio de 2015. "Quero me dedicar a coisas que ainda tenho vontade de fazer", justificou.
O primeiro-ministro David Cameron deve revelar outras mudanças como parte de uma reforma destinada a preparar o governo para as eleições de 2015.
Essa decisão foi anunciada a dez meses das legislativas, e tem como objetivo, entre outros, reformas no gabinete que apontam uma "feminização" do governo.
Cameron prestou uma homenagem a Hague, sem indicar imediatamente quem será o sucessor na pasta. Segundo a rede britânica BBC, o cargo será ocupado pelo atual ministro da Defesa, Philip Hammond, ainda mais eurocético do que Hague.
Sobre o renunciante, Cameron disse ser uma das "estrelas" de seu partido, "um confidente próximo, conselheiro acertado e um grande amigo".
Embora Hague vá se manter mais alguns meses no governo, Michael Dugher, um porta-voz da oposição conservadora, vê essa mudança como "um massacre dos moderados".
- Um 'superdotado' da política -
Deputado há 26 anos, sendo quatro à frente do Foreign Office, William Hague tinha apenas 36 quando se tornou chefe dos Tories, em 1997, após a derrota eleitoral de John Major.
Ele não conseguiu concretizar suas maiores aspirações e fracassou na disputa de 2001, após uma campanha apoiada na recusa ao euro e à imigração. Esse golpe levou a seu afastamento da direção do partido.
Primeiro líder conservador que não conseguiu chegar a Downing Street desde 1945, manteve-se como simples deputado por Richmond, em Yorkshire (norte), sua região natal.
Até que Cameron o convenceu, em 2005, a ser seu porta-voz nas Relações Exteriores.
Em 1977, ele conquistou proeminência, ao pronunciar um discurso no congresso anual Tory. Depois desse momento, uma admirada Margaret Thatcher se tornou sua mentora.
Com Thatcher, ele compartilhava sua rejeição visceral pela Europa e a confiança em si mesmo. Essa segurança sempre acompanhou esse filho de um empresário, nascido em 26 de março de 1961, em uma família de quatro filhos.
Orador e estudante que se destacava, diplomado em Filosofia, Ciência Política e Economia, foi presidente dos estudantes conservadores e do Oxford Union, um famoso clube de debates.