Israel e o Hamas protagonizaram novos confrontos fatais nesta segunda-feira, após um domingo sangrento na Faixa de Gaza e apesar dos apelos da comunidade internacional por uma trégua.
O Conselho de Segurança da ONU pediu no domingo "o fim imediato das hostilidades", que já deixaram 509 palestinos mortos, a maioria civis.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, declarou em um comunicado que a operação se desenrolava conforme o planejado e inclusive superava as expectativas em relação à destruição de túneis subterrâneos do Hamas - que controla a Faixa - em direção a Israel.
Na manhã desta segunda-feira, 15 palestinos, nove deles de uma mesma família, perderam a vida em um ataque aéreo israelense contra sua casa em Rafah (sul da Faixa).
Em Khan Yunes, também no sul, foram encontrados os cadáveres de 28 pessoas sob os escombros.
No domingo, mais de 140 palestinos faleceram, a metade deles em Shejaiya, um bairro periférico do leste da cidade de Gaza (norte) que nesta segunda-feira continuava sendo atacado duramente pelo exército israelense.
As 67 instalações da ONU começavam a ser insuficientes para os 87.000 deslocados, e mulheres e crianças não encontravam lugar para se sentar nem mesmo nos corredores.
Ao sul de Israel, o exército matou mais de dez combatentes palestinos que conseguiram se infiltrar por dois túneis subterrâneos.
As localidades israelenses localizadas perto da Faixa de Gaza foram colocadas em estado de alerta e seus habitantes foram advertidos a não sair de suas casas.
Um total de 27 foguetes caíram sobre Israel sem deixar vítimas. Mais de 1.500 projéteis foram disparados a partir da Faixa de Gaza desde o início das hostilidades.
Na frente diplomática, o Conselho de Segurança da ONU pediu o retorno "ao acordo de cessar-fogo de novembro de 2012" entre Israel e o Hamas e convocou "o respeito às leis humanitárias internacionais, especialmente sobre a proteção de civis".
O presidente americano, Barack Obama, disse que enviará seu secretário de Estado, John Kerry, ao Cairo nesta segunda-feira e declarou buscar um cessar-fogo.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, atualmente no Oriente Médio, denunciou a ação atroz do exército israelense em Shejaiya.
Ban visitará nos próximos dias Kuwait, Cairo, Jerusalém, Ramallah (Cisjordânia) e Amã.
Crime contra a humanidade
O presidente palestino, Mahmud Abas, que se reuniu no domingo em Doha com Ban Ki-moon, classificou em uma mensagem televisionada o bombardeio de Shejaiya de "crime contra a humanidade", cujos autores devem ser julgados e punidos.
Os sindicatos e a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) de Abbas convocaram uma greve geral na Cisjordânia, onde durante a tarde estão previstas manifestações contra a ofensiva.
O exército israelense justificou sua ação sangrenta de domingo ao afirmar que o Hamas havia colocado civis na linha de mira ao instalar seus sítios militares.
Para Israel, o dia de domingo também foi sombrio: treze soldados da brigada de elite Golani morreram em combate, elevando a 18 o número de militares mortos, uma quantidade sem precedentes desde a guerra do Líbano de 2006. Também há 90 militares feridos, segundo a rádio israelense.
Dois civis israelenses faleceram desde o início da operação "Barreira Protetora".
O braço armado do Hamas afirmou no domingo ter sequestrado um soldado israelense, mas a informação foi desmentida pelo embaixador israelense da ONU, Ron Prosor.
Israel mobilizou 53.200 homens dos 65.000 reservistas autorizados pelo governo para a ofensiva neste pequeno território de 362 km2, onde vivem na miséria 1,8 milhão de habitantes.
A nova espiral de violência foi desencadeada após o sequestro e o assassinato de três estudantes israelenses em junho, atribuídos por Israel ao Hamas, seguidos pelo assassinato de um jovem palestino, queimado vivo em Jerusalém.
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