O número de palestinos mortos na ofensiva israelense em Gaza superou os mil neste sábado, após a descoberta de mais de uma centena de corpos entre os escombros, durante uma trégua de 12 horas entre Israel e o Hamas. Em Paris, em uma reunião internacional para buscar uma trégua duradoura na qual estavam presentes os chefes da diplomacia de França, Estados Unidos, Catar, Turquia e de outros países europeus, foi feito um apelo pela prolongação do cessar-fogo em vigor, segundo o chanceler francês, Laurent Fabius.
Mais de 1.000 palestinos, em sua grande maioria civis, morreram desde o início da ofensiva israelense em Gaza, no dia 8 de julho, anunciaram neste sábado socorristas do território palestino. Os cerca de 6.000 feridos também são principalmente civis. Mais de uma centena de corpos foram encontrados neste sábado, durante a trégua humanitária de 12 horas entre Israel e o movimento islamita palestino Hamas, que expira às 20h00 locais (14h00 de Brasília). Do lado de Israel, 42 israelenses faleceram, 40 deles soldados, além de um trabalhador tailandês, desde o início da ofensiva.
Em Paris, em uma declaração à imprensa ao fim da reunião, Fabius disse que "todos convocamos as partes a uma extensão por 24 horas renováveis do cessar-fogo humanitário que está atualmente em vigor". O Hamas não comentou este pedido e a rádio pública de Israel, citando um funcionário de alto escalão do país, disse que o Estado israelense pode aceitar prolongar a trégua se puder continuar destruindo túneis utilizados pelos ativistas no superpovoado território palestino controlado pelo Hamas.
Bairros devastados
Em Gaza, muitos palestinos aproveitaram o breve respiro para voltar aos seus bairros devastados, onde os cadáveres e os escombros se acumulavam. Equipes de resgate e jornalistas descreviam cenas de desolação: casas que desabaram, corpos enegrecidos entre as ruínas e poças de sangue sobre as marcas dos tanques israelenses. No setor de Beit Hanun, correspondentes da AFP viram o corpo de um socorrista da Cruz Vermelha em um hospital em parte destruído por um ataque israelense.O Hamas desaconselhou os deslocados pelo conflito - mais de 160.000, segundo a ONU - a se aproximar dos imóveis bombardeados e das zonas de combate pela possível presença de artefatos.
Antes do início da trégua, 20 palestinos, 16 deles membros de uma mesma família, incluindo mulheres e crianças, morreram em um ataque aéreo de Israel contra Khan Yunes (sul), segundo fontes locais.
O conflito em Gaza, o quarto desde que o exército israelense se retirou deste território, em 2005, também atinge a Cisjordânia ocupada, palco de violentos combates. As tropas israelenses mataram na noite de sexta-feira dois palestinos, de 16 e 18 anos, durante protestos. Em 24 horas, uma dezena de palestinos morreram na Cisjordânia.
Esforços diplomáticos
A reunião de Paris foi realizada depois que o secretário de Estado americano, John Kerry, não conseguiu na sexta-feira no Cairo obter uma trégua mais duradoura. No entanto, "o que se discute é uma trégua humanitária de sete dias para permitir que todas as partes negociem no Cairo", havia explicado antes à AFP uma autoridade ligada ao presidente palestino, Mahmud Abbas.Israel fixou como missão de seu exército, mobilizado no solo da Faixa de Gaza desde 17 de julho, a destruição do arsenal do Hamas e de sua aliada Jihad Islâmica, sobretudo os foguetes que mataram dois israelenses e um trabalhador agrícola tailandês. Outra prioridade da operação: os túneis utilizados pelo Hamas para realizar ataques em Israel. O exército advertiu que prosseguirá suas operações contra os túneis durante a trégua deste sábado.
O Hamas, que rejeitou na semana passada um projeto de acordo elaborado pelo Egito, também tem exigências: a principal é um compromisso de Israel para suspender o bloqueio que asfixia desde 2006 a economia do enclave..