Vários medicamentos antivirais e vacinas experimentais estão sendo preparados como resposta inicial à epidemia sem precedentes de Ebola que assola o oeste da África, embora não necessariamente em grandes quantidades.
Nenhum deles foi homologado para tratar o Ebola.
TRATAMENTOS
- O ZMapp é um coquetel de três anticorpos "monoclonais" desenvolvidos pela Mapp Bio (Biopharmaceutical), em parte derivado do tabaco, graças ao laboratório Kentucky BioProcessing (filial da fabricante de cigarros) e à engenharia genética.
Nunca testado anteriormente em humanos, apesar de ter obtido resultados relativamente bons com os macacos, este medicamento foi administrado a pelo menos sete pessoas: dois americanos ficaram curados, um padre espanhol e um médico liberiano faleceram, e um médico e um doente liberiano, assim como um doente britânico repatriado de Serra Leoa, estão sendo tratados.
Mas as reservas deste tratamento já se esgotaram, indicou a empresa em 12 de agosto. Seriam necessários vários meses antes de obter uma "quantidade inclusive modesta", segundo Anthony Fauci, diretor do instituto americano de alergias e doenças infecciosas NIAID/NIH.
- O Avigan (favipiravir ou "T-705"), antiviral homologado para a gripe da Toyama Chemical (filial do grupo FujiFilm) está na etapa de testes clínicos nos Estados Unidos. Ele inibe a reprodução do vírus nas células e foi testado com sucesso em roedores infectados com Ebola.
Vantagem: são comprimidos mais fáceis de usar em regiões com infraestrutura médica limitada.
O grupo japonês, que diz estar "disposto a responder aos pedidos individuais" dos trabalhadores da saúde, recebeu solicitações do exterior e assegura dispor de "reservas suficientes para mais de 20.000 pessoas".
- O TKM-Ebola da empresa canadense Tekmira foi objeto de um contrato de 140 milhões de dólares do Departamento americano de Defesa para ser desenvolvido. A empresa, que tinha retomado um teste clínico suspenso, está à espera da luz verde da FDA para sua utilização em pacientes afetados. Indicou que também está em discussões com outras agências governamentais, ONGs e a OMS.
- O GBV006, da Globavir Biosciences, é um coquetel de moléculas já aprovadas individualmente pela autoridade americana que regula medicamentos, a FDA, que o testou em roedores. A empresa informou à AFP, no entanto, que "é possível fazer pesquisas diretas nos pacientes". Ela não apresentou solicitação de testes finais à FDA, embora tenha garantido que pode produzir rapidamente uma centena de doses deste tratamento "em semanas".
- O AVI-7537, da Sarepta Therapeutics, desenvolvido por contrato com o Pentágono em 2010, mostrou-se eficaz em macacos com Ebola, com uma taxa de cura de 60% a 80% contra nenhuma no grupo de controle.
O laboratório disse estar "disposto" a fabricar seu produto "para tê-lo disponível em caso de necessidade" e precisa dispor atualmente de suficiente AVI-7537 para tratar duas dezenas de pacientes.
- Soro de convalescença (anticorpos de gente curada) que faz parte das opções.
VACINAS
Entre as vacinas, está a da empresa inglesa GSK, cujo estudo de inocuidade (primeira etapa de testes com humanos) está previsto para setembro, "primeiro nos Estados Unidos e certamente em um país africano", segundo Jean-Marie Okwo-Bele, diretor do departamento de vacinas e imunização da OMS. Ela pode estar disponível para os funcionários de saúde a partir de 2015, segundo Fauci.
A vacina GSK é feita com um vetor viral inofensivo na qual foram inseridos dois genes - não infecciosos - do Ebola. Este preparo desencadeia a fabricação de uma proteína contra a qual o organismo aprenderá a se defender.
O Canadá anunciou que doará à OMS entre 800 e 1.000 doses de uma vacina (o VSV-EBOV), que por enquanto está armazenada em Winnipeg.
O NIAID/NIH americano apoia, entre outras, a empresa farmacêutica Crucell (Johnson & Johnson) no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus Ebola/Marburg, já testada em humanos. Um novo teste clínico de fase 1 (provas em voluntários saudáveis) está previsto para entre o final de 2015 e o início de 2016, segundo o NIAID.
.