Os três países que se encontram no epicentro da epidemia de Ebola no oeste da África estavam cada vez mais isolados nesta quarta-feira, enquanto novas companhias aéreas anunciaram a suspensão de voos para a região afetada.
A Air France acolheu a solicitação do governo francês de uma "suspensão temporária" dos voos para Serra Leoa, deixando sua capital, Freetown, e a da vizinha Libéria, Monróvia, com apenas um voo regular, a da Royal Air Morocco (RAM).
"À luz da análise da situação e conforme solicitado pelo governo francês, a Air France confirma que está mantendo seu programa de voos com destino e origem de Guiné e Nigéria", informou a companhia aérea.
A decisão da empresa francesa ocorreu um dia depois de a britânica British Airways anunciar a suspensão de seus voos para Libéria e Serra Leoa até o ano que vem, devido à preocupação com o Ebola.
As autoridades estão lutando para conter a pior epidemia da História deste vírus causador de uma febre hemorrágica letal, que já matou mais de 1.400 pessoas desde que eclodiu no oeste da África no começo do ano.
Na segunda-feira, o enviado das Nações Unidas para o Ebola, David Navarro, criticou as companhias aéreas que suspenderam as operações em países afetados pela doença.
"Ao isolar o país, fica difícil para as Nações Unidas fazerem seu trabalho", declarou Nabarro a jornalistas em Freetown, no quinto dia de um giro pela região.
"Pilotos e outros (funcionários), assim como passageiros, geralmente correm um risco muito baixo de infecção por Ebola", declarou na mesma coletiva Keiji Fukuda, assistente do Diretor Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Segurança Sanitária.
A belga Brussels Airlines, que costumava oferecer quatro voos por semana para a Libéria e Serra Leoa e três para a Guiné, também cancelou os serviços desde sábado, devido ao fechamento da fronteira senegalesa.
A companhia informou que decidirá sobre sua programação futura durante o fim de semana.
A empresa se comprometeu a oferecer três voos separados a Freetown, Monróvia e Conacri esta semana, em resposta à demanda dos passageiros e para levar 40 toneladas de material médico das Nações Unidas.
Apenas a companhia aérea marroquina prometeu manter sua programação normal de voos: um diário para Conacri, e outro, dia sim, dia não, em média, para Monróvia e Freetown.
"Nossa abordagem é mais incentivadora do que mercenária", alfinetou o porta-voz da RAM, Hakim Challot, em declarações à AFP, acrescentando que "de Casablanca, a reserva de assentos para estes três países é extremamente baixa, de cerca de 10%".
- Nigéria adia volta às aulas -
Autoridades das Nações Unidas prometeram acelerar esforços contra o vírus mortal, que infectou mais de 2.600 pessoas desde o começo do ano.
A Libéria tem sido o país mais afetado, com 624 mortes registradas do total de 1.427. A Guiné, onde o surto foi detectado pela primeira vez, registrou 406 mortes; Serra Leoa, 392, e a Nigéria, 5, segundo os mais recentes números da OMS.
Na semana passada, a República Democrática do Congo anunciou que 13 pessoas tinham morrido com sintomas de febre hemorrágica e submeteu a exames dezenas de outras pessoas que tiveram contato com as vítimas fatais.
Kinshasa confirmou dois casos de Ebola no domingo, mas afirmou que não têm relação com a epidemia atual que castiga o oeste da África.
A confirmação representou a sétima epidemia de Ebola na República Democrática do Congo, onde o vírus foi detectado pela primeira vez em 1976.
A ONU alocou nesta quarta-feira US$ 1,5 milhão para ajudar esse país da África Central a combater o Ebola com base em "necessidades humanitárias". A organização anunciou que a quantia poderá dobrar no futuro próximo.
Nabarro, que já tinha visitado Libéria, Serra Leoa e Guiné, como parte de um giro pelos países do oeste da África mais afetados pela doença, chegou à Nigéria nesta quarta.
O ministro nigeriano da Educação, Ibrahim Shekarau, anunciou que as escolas públicas e privadas permanecerão fechadas até 13 de outubro, como medida preventiva para evitar a propagação do Ebola. Os estudantes deveriam voltar às aulas em 15 de setembro.
Fora da África, um médico que contraiu Ebola deu entrada em um hospital da Alemanha, tornando-se o primeiro paciente infectado com o vírus no país, informaram fontes oficiais.
O homem, um epidemiologista senegalês, infectado em Serra Leoa, segundo a OMS, chegou a bordo de uma aeronave especialmente equipada à cidade de Hamburgo (norte). Ele conseguiu desembarcar sozinho da aeronave - informou o porta-voz do Departamento de Saúde de Hamburgo, Rico Schmidt.