Jornal Estado de Minas

Separatistas e forças ucranianas se acusam de violar cessar-fogo

AFP

Separatistas pró-russos e forças ucranianas se acusaram neste sábado mutuamente de violar o cessar-fogo que entrou em vigor na sexta-feira para por fim a um conflito que já dura quase cinco meses.

Os supostos incidentes armados ocorreram na sexta-feira, depois da entrada de em vigor do cessar-fogo no leste da Ucrânia, segundo versões militares.

"Ontem (sexta-feira) houve vários disparos na periferia de Donetsk", declarou à AFP Vladimir Makovich, um dos dirigentes do parlamento rebelde.

O parlamentar também afirmou que uma coluna de blindados ucraniana foi detectada deslocando-se na região de Zaporizhia, situada no sudoeste de Donetsk.

O "primeiro-ministro" de Donetsk, Aleksander Zakharchenko, confirmou as acusações.

"É muito cedo para falar totalmente de um cessar-fogo", declarou à agência de notícias Ria Novosti.

O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança ucraniana Andrey Lysenko se expressou em termos parecidos.

"Detectamos uma série de provocações por parte dos rebeldes", enfatizou.

"Dispararam contra nossas unidades antiterroristas em 28 ocasiões na sexta-feira, dez das quais depois do cessar-fogo.

As forças antiterroristas respeita escrupulosamente o cessar-fogo", acrescentou.

Jornalistas da AFP na região de Donetsk não identificaram qualquer incidente depois do cessar-fogo resultante das negociações conduzidas em Minsk (Belarus).

Na véspera, Kiev e os rebeldes pró-russos anunciaram a assinatura do cessar-fogo e de um acordo sobre a retirada das tropas e uma troca de prisioneiros.

"O cessar-fogo se baseia no acordo que foi alcançado durante minha conversa telefônica com o presidente russo Putin", declarou o presidente ucraniano Petro Poroshenko, à margem da cúpula da Otan em Newport (Reino Unido).

Não há indicações sobre a duração desta trégua, que constitui uma vitória para os separatistas e a Rússia, na medida em que poderá endossar a perda de Kiev de várias cidades do leste da Ucrânia após o avanço nas últimas semanas dos rebeldes, apoiados por militares russos.

O "grupo de contato" reunindo a Rússia, Ucrânia, os separatistas e a OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) chegou a um acordo sobre "a retirada das tropas, o acesso aos comboios humanitários e uma troca de prisioneiros sobre o princípio de 'todos por todos", indicou a representante da OSCE, Heidi Tagliavini.

O cessar-fogo alcançado está muito distante do plano de paz desejado pelo primeiro-ministro ucraniano Arseniy Yatsenyuk.

Ele lembrou que o plano de paz deveria incluir "a retirada das tropas russas, dos bandos e dos terroristas (os separatistas) e o restabelecimento da fronteira".

Mas a margem de manobra parece pequena para Kiev, com as tropas do presidente Poroshenko perdendo terreno a cada dia.

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