Os presidentes ucraniano Petro Poroshenko e russo Vladimir Putin constataram através de uma ligação telefônica que o cessar-fogo assinado na véspera estava sendo respeitado no leste ucraniano, informou neste sábado a presidência da Ucrânia.
Os dois presidentes também conversaram sobre a entrega de ajuda humanitária aos habitantes de Lugansk e Donetsk, dois redutos separatistas pró-russos do Leste da Ucrânia e cenário de combates com as forças regulares ucranianas. Horas antes, separatistas pró-russos e forças ucranianas se acusaram mutuamente de violar o cessar-fogo que entrou em vigor na sexta-feira para por fim a um conflito que já dura quase cinco meses. Os supostos incidentes armados ocorreram na sexta-feira, depois da entrada de em vigor do cessar-fogo no leste da Ucrânia, segundo versões militares.
"Ontem (sexta-feira) houve vários disparos na periferia de Donetsk", declarou à AFP Vladimir Makovich, um dos dirigentes do parlamento rebelde. O parlamentar também afirmou que uma coluna de blindados ucraniana foi detectada deslocando-se na região de Zaporizhia, situada no sudoeste de Donetsk. O "primeiro-ministro" de Donetsk, Aleksander Zakharchenko, confirmou as acusações.
"É muito cedo para falar totalmente de um cessar-fogo", declarou à agência de notícias Ria Novosti.
Na véspera, Kiev e os rebeldes pró-russos anunciaram a assinatura do cessar-fogo e de um acordo sobre a retirada das tropas e uma troca de prisioneiros. "O cessar-fogo se baseia no acordo que foi alcançado durante minha conversa telefônica com o presidente russo Putin", declarou o presidente ucraniano Petro Poroshenko, à margem da cúpula da Otan em Newport (Reino Unido). Não há indicações sobre a duração desta trégua, que constitui uma vitória para os separatistas e a Rússia, na medida em que poderá endossar a perda de Kiev de várias cidades do leste da Ucrânia após o avanço nas últimas semanas dos rebeldes, apoiados por militares russos.
O "grupo de contato" reunindo a Rússia, Ucrânia, os separatistas e a OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa) chegou a um acordo sobre "a retirada das tropas, o acesso aos comboios humanitários e uma troca de prisioneiros sobre o princípio de 'todos por todos", indicou a representante da OSCE, Heidi Tagliavini. O cessar-fogo alcançado está muito distante do plano de paz desejado pelo primeiro-ministro ucraniano Arseniy Yatsenyuk. Ele lembrou que o plano de paz deveria incluir "a retirada das tropas russas, dos bandos e dos terroristas (os separatistas) e o restabelecimento da fronteira". Mas a margem de manobra parece pequena para Kiev, com as tropas do presidente Poroshenko perdendo terreno a cada dia.
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