Washington/Bagdá – O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pode estar prestes a conseguir o que deseja do Congresso: a autorização para armar rebeldes sírios na luta contra militantes do Estado Islâmico.
Obama tem deixado claro que acredita que não precisa da aprovação do Congresso para combater o EI. Assessores da Casa Branca citam uma resolução de uso de força aprovada pelos parlamentares em 2001 para dar ao presidente aprovação para ações militares contra grupos ligados a ataques terroristas do 11 de setembro. A resolução continua em vigor porque não continha uma data de vencimento. Apesar de Obama não ter pedido autorização, o deputado democrata Adam Schiff, do Comitê de Inteligência da Câmara, afirmou que o Congresso não deve esperar a Casa Branca agir.
Em Bagdá, o primeiro-ministro iraquiano, o xiita Haider al-Abadi, disse ontem que ordenou a interrupção pela Força Aérea de ataques a áreas civis, atendendo a uma condição colocada por líderes muçulmanos sunitas para que apoiassem sua campanha contra os militantes do Estado Islâmico. Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que os ataques realizados pelo governo iraquiano neste ano, muitos em áreas controladas pelo EI, que ocupa cerca de um terço do país, têm atingido civis indiscriminadamente.
Em Mossul, no Norte do Iraque, jihadistas sequestraram 40 clérigos sunitas por não seguirem suas interpretações radicais da religião e não ter jurado fidelidade ao autoproclamado califa Abu Bakr al-Baghdadi. Um xeque local explicou que a recusa dos religiosos em cumprir as ordens dos extremistas é o motivo da perseguição.
BUSCA POR COALIZÃO
No momento em que Washington se esforça em construir uma coalizão global contra o EI, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pediu ontem, no Cairo, que a Liga Árabe respalde a construção de tal coalizão contra o EI, grupo que controla grande parte do Norte da Síria e do Iraque. Kerry afirmou que as atuais operações militares contra o EI “não são suficientes” e que também terá de combater o financiamento do grupo e controlar os jihadistas estrangeiros que viajam para lutar no Iraque e na Síria. O enviado da Casa Branca se mostrou convencido de que o “único caminho” para pôr fim ao EI é a coalizão internacional.
Na última etapa de uma viagem ao Oriente Médio – onde Kerry visitou também Iraque, Jordânia, Arábia Saudita e Turquia –, o representante de Washington disse ao primeiro-ministro egípcio Sameh Shoukry que o Egito tem um papel crucial a desempenhar na luta contra o EI. O Egito está na linha de frente na luta contra o terrorismo, particularmente quando se trata de combater grupos extremistas no Sinai”, afirmou Kerry depois de conversas com o presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi. Ele adiantou que a reunião internacional amanhã, em Paris, terá o objetivo de combinar forças para “debilitar e destruir o EI”..