O ator americano John Malkovich conquistou nesta segunda-feira o Festival de San Sebastián com "Casanova variations", do diretor austríaco Michael Sturminger, que mistura cinema e ópera para retratar os últimos anos do sedutor veneziano.
"Michael e eu havíamos trabalhado anteriormente em uma ópera, o que aproveitamos muito, e, através desta experiência, decidimos desenvolver um segundo projeto juntos, originalmente apenas como uma peça de teatro", explicou Malkovich na entrevista coletiva, ao lado do diretor.
O filme é, de uma certa maneira, uma evolução da peça "The Giacomo variations", que Malkovich e Sturminger apresentaram em todo o mundo e que recria os últimos anos do famoso sedutor, que se questiona sobre o sentido da vida.
Em "Casanova variations", o diretor austríaco une cinema, teatro e ópera, com a representação de uma obra teatral e operística na atualidade e um relato paralelo de época, com saltos entre o passado e o presente.
"Tentamos seguir a história de Casanova em diferentes níveis", afirmou Sturminger.
Para o diretor, o filme permite uma complexidade maior que a peça de teatro.
"Temos a complexidade de oferecer diferentes camadas, que estão umas sobre as outras", disse.
Malkovich interpreta tanto a si mesmo, inclusive com seu próprio nome, como o personagem, de acordo com o momento de um filme no qual a música tem forte participação, com árias de Mozart e Lorenzo da Ponte.
Ao falar sobre a preparação para o personagem, Malkovich afirmou que não foi influenciado pela interpretação de Marcello Mastroianni como Casanova em "A Noite de Varennes" (também conhecido como "Casanova e a Revolução"), do italiano Ettore Scola.
Também não pensou na interpretação do personagem feita por Donald Sutherland na versão de Casanova dirigida por Federico Fellini.
"Nunca vi o Casanova de Fellini", admitiu, antes de revelar que outros nomes foram cogitados para o papel, como próprio Sutherland e Antonio Banderas.
"Acredito que quando interpreto um papel, interpreto o que tenho diante de mim. Se o personagem é alguém sedutor é o que faço", explicou o ator, para quem Casanova não tem nada de sedutor.
"Interpretei Casanova, Valmont e Lorde Rochester, o famoso libertino inglês, mas não os considero muito sedutores porque são trágicos", explicou.
O filme foi bem recebido no Festival de San Sebastián, onde participa da mostra oficial competitiva, mas Malkovich garantiu que não se preocupa com a crítica.
"Não me preocupo com os críticos porque não me preocupo com as coisas que não posso controlar", concluiu.
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