Os Estados Unidos e seus aliados árabes realizaram bombardeios aéreos contra posições do grupo Estado Islâmico (EI) na Síria, abrindo uma nova frente de combate contra a organização jihadista. Esse foi o primeiro ataque das forças estrangeiras na Síria desde o início da guerra civil, em 2011. Segundo o Pentágono, os ataques foram "muito bem sucedidos" e causaram a morte de pelo menos 120 jihadistas (70 do Estado Islâmico e 50 da Al-Qaeda), deixando também cerca de 300 feridos.
O presidente Barack Obama garantiu que fará "o que for necessário na luta contra este grupo terrorista para a segurança do país, da região e para todo o mundo". "A força desta coalizão deixa claro para o mundo que esto não é uma luta apenas dos Estados Unidos", disse Obama, dando destaque ao apoio de seus aliados na operação militar: Arábia Saudita, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Catar e Jordânia.
Os Estados Unidos iniciaram em 8 de agosto os bombardeios contra posições do grupo EI no Iraque, mas os ataques na Síria são uma nova fase em sua guerra contra a organização extremista, que mantém 215.000 km2 sob seu controle entre os dois países.
Nesta terça-feira foram utilizados 47 mísseis Tomahawk, além de caças, drones e navios que operam no Mar Vermelho e no Golfo, segundo o Pentágono.
Neste contexto, a Turquia, que até então tinha se mostrado hesitante quanto a uma participação na coalização, em parte porque 49 cidadãos turcos estavam em poder do EI - que acabou libertando os reféns no sábado -, afirmou que pode fornecer apoio logístico, em declarações do presidente Recep Tayyip Erdogan. A este respeito, o secretário de Estado americano, John Kerry, declarou que "a Turquia é membro de pleno direito desta coalizão e estará envolvida na linha de frente" da luta contra o grupo islamita.
Paralelamente à operação, um grupo jihadista na Argélia vinculado ao EI, voltou a ameaçar de decapitação um francês sequestrado recentemente, caso Paris não suspenda seus ataques no Iraque. O presidente francês, François Hollande, afirmou que não vai ceder a qualquer chantagem ou pressão dos jihadistas.
Ataques contra a Al-Qaeda
Além dos ataques contra o EI, a coalizão internacional atingiu posições da Frente Al-Nosra, o braço sírio da Al-Qaeda, ao oeste da província de Aleppo. A ação aérea também tinha como alvo o grupo Khorasan, formado por militantes veteranos da Al-Qaeda, porque a formação estava prestes a realizar grandes ataques contra alvos no Ocidente, informou o Pentágono.
"Relatórios dos serviços de inteligência indicavam que o grupo estava nos estágios finais de vários planos para executar grandes ataques contra alvos ocidentais e, potencialmente, o território americano", explicou o tenente-general William Mayville, diretor de operações do Estado-Maior das Forças Armadas.
O governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que foi comunicado na segunda-feira pelos Estados Unidos sobre a intenção de atacar os jihadistas em seu território.
Os bombardeios tiveram como alvos principalmente as posições do EI na província de Raqa (norte da Síria), reduto do grupo, e estruturas do movimento extremista a leste, na fronteira com o Iraque.
A oposição manifestou apoio aos bombardeios. "Esta noite, a comunidade internacional se uniu à nossa luta contra o Estado Islâmico no Iraque e no Levante em território sírio", afirmou o presidente da Coalizão Nacional Síria (CNS), Hadi al-Bahra, que usou o nome anterior do grupo. Os bombardeios aconteceram no momento em que o EI está em uma ofensiva para tentar controlar a cidade estratégica de Ain al-Arab (Kobaneh, em curdo), na região curda da Síria.
Nos últimos dias, o Estado Islâmico assumiu o controle de 60 localidades da região de Kobaneh, provocando a fuga de mais de 130.000 curdos sírios para a Turquia. Na segunda-feira, o EI divulgou uma convocação aos muçulmanos no qual pedia que matassem cidadãos dos países que integram a coalizão internacional contra a jihad, em particular Estados Unidos e França..