Jornal Estado de Minas

Professores fazem manifestação pelos 43 estudantes desaparecidos no México

AFP

Centenas de professores e estudantes mexicanos se unirão em uma grande manifestação nesta sexta-feira em várias cidades do país depois de tomar na véspera várias prefeituras de Guerrero para exigir notícias sobre o paradeiro de 43 adolescentes desaparecidos.

A mobilização inclui a invasão das sedes de governo de cerca de 80 municípios de Guerrero, mas no primeiro dia só foram tomados três, segundo a autoridade regional.

"Não temos a capacidade para tomar as 80 prefeituras no mesmo dia, assim o plano de ação será feito de forma paulatina", explicou José Ángel Barón, porta-voz da Coordenação Estatal de Trabalhadores da Educação em Guerrero, um sindicato conhecido por sua beligerância.

Em Huamuxtitlán, uma localidade próxima da Cidade do México, o prefeito Johnny Saucedo informou à AFP por telefone que cerca de 200 professores tomaram o palácio do governo.

Outras 16 prefeituras foram evacuadas e fechadas de forma preventiva.

É o caso de Iguala, a cidade onde os 43 estudantes desapareceram depois de serem baleados por policiais e elementos do narcotráfico na noite de 26 de setembro.

Em Acapulco, um porto turístico de fama internacional, as autoridades esperam ao menos 35.000 manifestantes no protesto.

O governador de Guerrero, Ángel Aguirre, pediu calma aos manifestantes para não afetar a rotina da região.

O presidente Enrique Peña Nieto também pediu um tempo para esclarecer o caso, mas a pressão aumenta tanto por parte da comunidade internacional como da população mexicana, farta de anos de tanta violência.

No dia 26 de setembro, alunos da Universidade Rural para Normalistas de Ayotzinaga protestavam em Iguala contra a discriminação que garantem sofrer por parte do governo de Guerrero na distribuição de vagas nas escolas urbanas quando foram reprimidos com violência.

De acordo com testemunhas, homens armados vestidos de preto e encapuzados participaram das agressões.

Eles estavam em caminhonetes de cor escura e seriam membros do crime organizado.

Iguala fica no nordeste de Guerrero, um dos estados mais pobres do México e que está entre as cinco regiões com o maior índice de homicídios e sequestros das 32 do país.

Os investigadores suspeitam que os alunos tenham sido assassinados e enterrados em algumas das muitas valas clandestinas existentes nos morros de Iguala, onde grupos criminosos se livram de suas vítimas.

Várias valas foram localizadas nas últimas semanas graças à confissão de pessoas detidas por participar nos ataques. Mas os testes de DNA dos primeiros 28 corpos encontrados determinaram que não pertenciam aos estudantes.

As famílias dos 43 desaparecidos negam a acreditar que seus filhos estejam mortos e afirmam que eles se encontram em mãos de policiais de Iguala fugitivos.

Para eliminar qualquer desconfiança, a polícia federal incorporou alguns parentes à busca feita por 1.200 efetivos por terra, ar e até lanchas com mergulhadores.

A promotoria mandou prender cerca de 50 pessoas - incluindo 40 policiais -, mas admite que não tem ainda os autores intelectuais do crime, nem conseguiu determinar seus motivos.

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