Milhares de fiéis protestaram nesta terça-feira em frente à antiga embaixada dos Estados Unidos em Teerã para marcar o 35º aniversário de sua tomada por estudantes islâmicos, que coincide este ano com a Ashura, a mais importante cerimônia religiosa xiita.
Os manifestantes gritavam "morte à América" e "morte a Israel", segundo imagens divulgadas pela televisão estatal.
Efígies do Tio Sam e bandeiras americanas, israelenses e britânicas foram queimadas.
Os manifestantes também carregavam maquetes de centrífugas, as máquinas de enriquecimento de urânio que estão no centro do impasse entre o Irã e o Ocidente nas negociações nucleares.
Em uma declaração final, os manifestantes expressaram seu "apoio" à equipe de negociação iraniana, enfatizando o "papel definido do líder supremo", o aiatolá Ali Khamenei, que rejeitou qualquer recuo sobre o programa nuclear do país.
Mas o principal orador na cerimônia, Hojatoleslam Panahian Alireza, declarou que os negociadores não devem concordar com "apertar as mãos (americanas), manchadas com o sangue dos povos da região."
"O governo não deve falar com fraqueza com o governo dos Estados Unidos", acrescentou.
A embaixada americana foi ocupada em novembro de 1979 leais ao aiatolá Ruhollah Khomeini, fundador da República Islâmica, e seus diplomatas foram mantidos reféns por 444 dias. As relações diplomáticas entre os dois países foram interrompidas logo depois.
No entanto, no ano passado, Teerã e Washington retomaram conversações no âmbito das negociações nucleares entre o Irã e as potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha).
O chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, e o secretário de Estado americano, John Kerry, deve se reunir nos dias 9 e 10 de novembro em Omã para tentar alcançar um acordo global para acabar com mais de uma década de crise.
A Ashura celebra o martírio de Hussein, neto de Maomé assassinado no século VII. De acordo com a tradição, o imã Hussein, que foi morto com muitos de seus companheiros na batalha de Karbala (Iraque), foi decapitado e seu corpo mutilado.
Para os muçulmanos xiitas, Hussein é o "símbolo de resistência" contra a injustiça.
Várias celebrações para marcar a Ashura estão programadas para acontecer em todo o Irã, cuja população é 90% xiita.