Em seu mais baixo nível nas pesquisas, enfraquecido pela clara vitória de seus adversários no Senado, Barack Obama está à procura de um novo fôlego para encarar os últimos dois anos de mandato, seis anos depois de sua primeira eleição carregada de promessas que parecem muito distantes.
No momento em que todos já pensam nas eleições de 2016, que designará seu sucessor, o presidente dos Estados Unidos, que não esconde sua aversão pela disputa política em Washington, se encontra em uma posição bem desconfortável.
John Boehner, líder republicano da Câmara dos Deputados, pediu, por sua vez, Obama "para iniciar os dois últimos anos de sua presidência, tomando decisões dos dois partidos", advertindo, em um comunicado ofensivo, contra todo "contra-ataque" de sua parte. Mas os pontos de concordância são limitados.
"Vai ser quase impossível construir qualquer coisa entre a Casa Branca e o Congresso nos próximos dois anos", acredita o historiador Douglas Brinkley, da Universidade de Rice (Houston, Texas). No entanto, este novo equilíbrio de poder não é necessariamente sinônimo de inação para Barack Obama, que poderia utilizar de forma muito mais ampla seu poder executivo deliberando por decreto.
"Os presidentes são, tradicionalmente, mais tímidos no uso desse poder durante o seu primeiro mandato, até mesmo nos primeiros seis anos, porque sempre esperam chegar a um acordo com o Capitol Hill", explica. "De certa forma, ele estará livre".
Exemplo emblemático e sensível, a imigração poderia rapidamente esclarecer as tensões entre a Casa Branca e os eleitos da Câmara e do Senado.
Um quarto de presidência
Obama anunciou que agiria até o final do ano, justificando que não poderia "sentar-se à espera do Congresso se mexer".
Seus partidários, impacientes após um primeiro relatório, e seus adversários, que consideram inaceitável contornar o Congresso sobre um assunto tão importante para a sociedade, esperam os próximos passos. Sem se virar para o Congresso, os dois últimos anos de mandato também deverão permitir-lhe consolidar suas principais conquistas legislativas: Obamacare, a reforma do sistema de saúde que tem como objetivo proporcionar seguro de saúde a milhões de americanos desprovidos.
Quanto à política externa, duas grandes crises com um futuro incerto devem monopolizar as atenção até o final de mandato: as tensões no leste da Ucrânia alimentadas por rebeldes pró-russos; e o avanço do grupo jihadista Estado Islâmico no Iraque e na Síria.
Mas ainda pode esperar resultados concretos em três assuntos de envergadura antes de ceder sua poltrona no Gabinete Oval: um acordo sobre o programa nuclear iraniano (que deve ser alcançado até 24 de novembro), um acordo de livre comércio trans-Pacífico (TPP), que reunirá 12 países (excluindo a China) e um acordo global sobre as alterações climáticas no final de 2015 em Paris.
Cada vez, porém, ele deverá navegar em linha estreita com o Congresso. E pode ser tentado, em parte, a contorná-lo, o que já provoca o descontentamento dos republicanos.
Desta forma, sobre o clima, enquanto um tratado deve ser ratificado por dois terços do Senado, uma hipótese impensável no contexto atual, uma abordagem jurídica diferente poderia permitir a administração de Obama evitar tal obstáculo.
Seja na política nacional ou internacional, Douglas Brinkley adverte para a tentação de fazer um balanço muito cedo, de uma forma ou de outra. "Ele ainda tem dois anos completos para deixar sua marca. Ele ainda tem um quarto de sua presidência à frente".
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