O Tribunal Penal Internacional (CPI) não processará Israel pelo ataque contra uma frota humanitária que seguia para Gaza em maio de 2010, mas destacou que é "razoável pensar" que foram cometidos crimes de guerra.
"Após ter levado em consideração, de maneira minuciosa, todos os fatores pertinentes, cheguei à conclusão de que os eventuais casos que poderiam ser deduzidos de uma investigação sobre este fato não seriam suficientemente graves para que o tribunal desse prosseguimento", afirmou o promotor Fatu Bensuda em um comunicado.
Bensuda foi acionado para tratar da questão pelo Governo de Comores, em que estava registrado o Mavi Marmara, navio almirante da flotilha de ajuda internacional humanitária.
Na madrugada de 31 de maio de 2010, a frota foi abordada e revistada em águas internacionais por comandos israelenses enquanto tentavam alcançar a Faixa de Gaza, sob bloqueio israelense.
Nove turcos a bordo do Mavi Marmara foram mortos no ataque, o que levou a uma deterioração das relações diplomáticas entre a Turquia e Israel.
Uma décima pessoa faleceu posteriormente de seus ferimentos.
Esta flotilha, chamada 'Gaza Freedom', era composta de oito navios, com 70 passageiros a bordo de quarenta países.
Seu objetivo declarado era levar ajuda a Gaza, romper o bloqueio israelense e chamar a atenção da comunidade internacional sobre a situação desta zona e as consequências do bloqueio, lembrou o promotor.
"Tendo em conta a gravidade dos danos físicos causados pelo uso da força por soldados das Forças de Defesa israelenses contra alguns passageiros (...), as informações disponíveis no levam a pensar que os soldados cometeram crimes de guerra", indicou Bensuda.
Mas esses crimes não são "suficientemente graves", acrescentou.
Em setembro de 2011, um relatório da ONU havia considerou "excessiva" e irracional esta intervenção militar, mas afirmou ser legal o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza.
Já tensas desde a operação israelense mortal "Chumbo Fundido" em Gaza (dezembro 2008/janeiro de 2009), as relações entre Israel e Turquia, aliados estratégicos na década de 1990, deterioraram-se após o ataque.
Sob pressão dos Estados Unidos, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu pediu desculpas à Turquia. Desde então, as autoridades turcas e israelenses se reúnem para discutir uma indenização às famílias das vítimas.
Um tribunal turco ordenou em maio a prisão de quatro ex-chefes militares israelenses durante um julgamento na ausência dos acusados.
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