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Estado de Minas

No G20, Ocidente cerca a Rússia sobre a crise ucraniana


postado em 16/11/2014 08:46

As potências ocidentais fecharam o cerco ao presidente russo Vladimir Putin durante o G20 de Brisbane sobre a crise ucraniana, eclipsando as questões econômicas discutidas.

"Acredito que o que foi positivo no G20, é que uma mensagem muito clara foi enviada pelos países da União Europeia e da América à Rússia", comentou ao final da cúpula de dois dias o primeiro-ministro britânico David Cameron.

De fato, desde sexta-feira, antes mesmo da chegada de Putin nesta pacata cidade do leste australiano, os líderes anglo-saxões preparam uma recepção nada convidativa, acusando-o de agredir a Ucrânia e de desejar restaurar a "glória perdida do czarismo", nas palavras do primeiro-ministro australiano Tony Abbott.

Este ambiente predominou no sábado e neste domingo durante a cúpula, por vezes, muito diretamente, como quando o canadense Stephen Harper disse a Putin: "Eu imagino que terei que apertar sua mão, mas eu só tenho uma coisa a dizer: você tem que sair da Ucrânia", de acordo com um porta-voz canadense.

Ao que Putin respondeu: "É impossível porque os russos não estão na Ucrânia", segundo um porta-voz russo.

A Otan confirmou esta semana as afirmações de Kiev acusando a Rússia de enviar tropas e equipamento militar para o leste da Ucrânia, controlado pelos rebeldes pró-russos, o que Moscou nega. O conflito já matou mais de 4.000 pessoas desde meados de abril.

Após a cúpula, o presidente americano Barack Obama considerou que, se Putin "continuar (...) a violar o direito internacional (...), o isolamento que a Rússia está enfrentando vai continuar".

Mesmo antes da cúpula, Putin havia sentido soprar o vento da guerra fria, advertindo na sexta-feira para um possível confronto de "blocos" no G20.

Em Brisbane ele permaneceu hierático, mas deixou a cúpula mais cedo do que o previsto, o que poderia ser visto como um sinal de seu aborrecimento, mesmo que justificado por uma necessidade de um sono reparador, antes de voltar ao trabalho na segunda-feira.

O Ilyushin presidencial russo decolou às 14h15 (02h15 de Brasília), pouco antes da publicação do comunicado final da cúpula e da coletiva de imprensa de encerramento.

Alguns países europeus, no entanto, não assumiram publicamente posições tão agressivas quanto as dos anglo-saxões. Angela Merkel e François Hollande, por exemplo, mostraram-se mais prudentes.

"Todos nós nos esforçamos para implementar tudo o que é possível diplomaticamente para conquistar melhorias", declarou sábado à noite a chanceler alemã Angela Merkel após um encontro com Putin.

"A França adota uma dupla posição, de firmeza quando às violações ao direito internacional (...), e de diálogo", disse o presidente francês François Hollande, explicando querer estar "a serviço da resolução do conflito e não de seu agravamento".

Mas, "se não há gestos, sinais (...), então, a França terá que tomar novas decisões, mas esta não é sua intenção", acrescentou Hollande. Paris está em disputa com Moscou sobre o fornecimento de navios de guerra Mistral, suspensos por causa da situação na Ucrânia.

Deste modo, como muitas vezes acontece em tais reuniões, as intensas considerações econômicas foram relegadas a segundo plano.

"Como uma veterana do G20, posso dizer que é sempre assim", reagiu a diretora do FMI, Christine Lagarde durante uma coletiva de imprensa neste domingo.

Na última cúpula do G20 em São Petersburgo, na Rússia, em 2013, grande parte do debate foi monopolizado pela guerra na Síria.

No entanto, os países mais poderosos do mundo, que respondem por 85% da riqueza global, chegaram a acordos sobre várias questões importantes, especialmente sobre a diminuição do crescimento ou o aumento da transparência nas regras de tributação.


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