O grupo ultrarradical Estado Islâmico (EI) reivindicou em um vídeo postado na internet neste domingo a execução por decapitação do refém americano Peter Kassig e de ao menos 18 soldados sírios.
O vídeo de quinze minutos foi veiculado pelo órgão midiático dos grupos jihadistas Al-Furqan.
Os Estados Unidos se disseram "horrorizados" com a decapitação do americano, ressaltando que trabalham para confirmar a autenticidade da gravação.
O vídeo começa com a história do nascimento do EI no Iraque, após se desligar da rede Al-Qaeda, e evoca seu envolvimento na guerra da Síria antes de mostrar a decapitação em massa de "soldados de Bashar" e a do refém americano, sequestrado na Síria em 2013.
Nas imagens, um homem mascarado aparece em pé ao lado de uma cabeça decepada, alegando ter decapitado Peter Kassig.
"Este é Peter Edward Kassig, um cidadão americano de seu país (...)", afirma o homem mascarado de sotaque britânico, que associa este assassinato ao envio de conselheiros americanos para ajudar as tropas iraquianas em sua guerra contra o EI.
Kassig seria o quinto refém ocidental sequestrado na Síria executado pelo EI desde agosto.
"Estamos enterrando o primeiro cruzado americano em Dabiq (cidade no norte da Síria), e esperamos impacientemente a chegada de outros soldados para que sejam degolados e enterrados da mesma maneira", ameaça o homem com sotaque americano que parece ser o "Jihadi John", o suposto assassino dos jornalistas americanos James Foley e Steven Sotloff.
Aos 26 anos, Peter Kassig, um ex-soldado no Iraque, havia se convertido ao islamismo e fundado uma organização humanitária em 2012, "Special Emergency Response and Assistance" (Sera), após deixar o exército americano.
Os pais da vítima disseram que esperam a confirmação do assassinato de seu "filho querido" e pede à imprensa que não veicule as imagens terríveis do assassinato.
Kassig já havia aparecido em 3 de outubro no vídeo da decapitação de um outro refém do EI, o britânico Alan Henning. Na ocasião, os jihadistas ameaçaram matá-lo em retaliação aos ataques aéreos americanos na Síria e no Iraque.
Peter Kassig é o terceiro refém americano cuja decapitação foi reivindicada pelo EI após James Foley e Steven Sotloff. Dois outros britânicos, Alan Henning, um voluntário humanitário, e David Haines, trabalhador humanitário, sofreram o mesmo destino.
Todos foram sequestrados na Síria, país em guerra há mais de três anos.
O vídeo deste domingo também mostra a execução de ao menos 18 homens apresentados como soldados do regime sírio de Bashar Al-Assad, marchando de dois em dois.
Neste momento, o nome da região de Dabiq aparece no canto direito do vídeo.
Dabiq, no norte da Síria, foi palco de uma importante batalha no século XVI, onde o exército de muçulmanos foi dizimado, mas terminou vencendo, segundo uma profecia do Islã.
Acusado pela ONU de crimes contra a Humanidade, o grupo EI é responsável por terríveis atrocidades nas vastas regiões conquistadas na Síria e no Iraque, incluindo execuções, sequestros, estupros e limpeza étnica.
Perversidade e barbárie
"Se a autenticidade do vídeo for confirmada, expressamos o nosso horror pelo assassinato brutal de um voluntário humanitário americano inocente", declarou o Conselho de Segurança Nacional do presidente americano Barack Obama.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou, por sua vez, estar "horrorizado" pelo "assassinato a sangue frio" da vítima.
"Estou horrorizado pelo assassinato a sangue frio de Abdul-Rahman Kassig (nome adotado após sua conversão ao Islã). O ISIL (EI) mostra mais uma vez toda a sua perversidade. Meus pensamento vão à sua família", escreveu Cameron em seu Twitter.
A França denunciou um novo ato de "barbárie". Em um comunicado, o primeiro-ministro Manuel Valls "condena com toda firmeza este novo ato bárbaro, que reforça a determinação da França de agir contra o Daesh (EI) no Iraque e na Síria.
O vídeo em questão é diferente das precedentes decapitações de reféns ocidentais. Kassih não foi mostrado vivo e nenhuma ameaça foi proferida contra outro refém ocidental.
Já no front iraquiano, as forças armadas tentavam neste domingo garantir a segurança da maior refinaria de petróleo do país, ao norte de Bagdá, após quebrar o cerco do EI.