Jornal Estado de Minas

Manifestantes protestam em Teerã pelo direito à energia nuclear

AFP

Cerca de 200 pessoas se reuniram neste domingo, em Teerã, para defender e reafirmar o direito "absoluto" do Irã à energia nuclear e para rejeitar qualquer concessão nas negociações com as grandes potências, mergulhadas em um impasse em Viena.

Um dos raros atos autorizados pelo regime recentemente, a manifestação aconteceu diante do reator de pesquisa nuclear de Teerã, um local protegido e, em geral, proibido para a imprensa.

Entre os dizeres dos cartazes carregados pelos manifestantes, estudantes em sua maioria, podia-se ler "a energia nuclear é nosso direito absoluto".

O protesto acontece no momento em que representantes do governo iraniano e dos países do chamado grupo P5+1 - formado por China, Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha - discutem o tema em Viena.

Passados cinco dias de negociações intensas e na véspera da data-limite estabelecida para um acordo final e completo, permanece incerto o desfecho sobre o tema.

Um dos organizadores do protesto criticou o presidente moderado Hassan Rohani e o ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, afirmando que "não sabem conduzir a diplomacia".

No cartaz de uma das manifestantes, a frase "as centrífugas não funcionam, a economia também não" fazia referência ao slogan de campanha de Rohani, que defendia um diálogo com o Ocidente para relançar a economia do país.

Uma outra ativista, estudante de Medicina, dizia-se "pessimista em relação aos americanos e a essas negociações".

"Queremos um acordo, por meio do qual, se dermos alguma coisa, receberemos alguma coisa em troca, e o que queremos é o fim de todas as sanções", afirmou.

Em Teerã, a imprensa conservadora parecia convencida do fracasso das negociações.

"As discussões com o 5+1 não produzirão qualquer resultado", antecipava neste domingo o jornal ultraconservador "Kayhan" em seu editorial, denunciando a vontade de Washington e de seus aliados de "lutar contra a potência em ascensão do Irã islâmico".

"Chegar a um acordo que ponha fim a 12 anos de crise não é apenas um exagero.

É impossível", insistiu o veículo.

O jornal reformista "Shargh" era um pouco mais otimista. "Mesmo que nenhum acordo seja assinado na segunda-feira, isso não quer dizer que não tenha havido um resultado, ou que as negociações estejam em um impasse", avaliou o jornal, alegando que o programa nuclear iraniano progrediu e "não haverá marcha a ré".

.