A cápsula Orion, da Nasa, fará seu primeiro voo de testes nesta quinta-feira, após um investimento de bilhões de dólares com o objetivo de preparar o retorno dos Estados Unidos às viagens espaciais tripuladas, superando a conquista da Lua há 40 anos.
Após o seu lançamento, às 07H05 local (10H05 de Brasília), da base de Cabo Cañaveral, na Flórida (sudeste), a bordo do poderoso foguete Delta IV, a nave não tripulada dará duas voltas em volta da Terra e alcançará 5.800 quilômetros de altitude.
Quatro ou cinco horas depois, a cápsula voltará, mergulhando no Oceano Pacífico.
As previsões meteorológicas indicavam nesta segunda-feira 60% de probabilidades de clima favorável para o voo, embora a possibilidade de temporais e ventos tragam certas dúvidas. A janela de lançamento ficará aberta por duas horas e 39 minutos.
Inicialmente, a cápsula Orion deveria levar astronautas americanos de volta à Lua, como parte do programa Constellation da Nasa, que acabou sendo cancelado pelo presidente Barack Obama, em 2010.
A agência espacial americana resgatou, então, o design da cápsula, na qual investiu US$ 4,7 bilhões de 2005 a 2009, e a destinou a enviar humanos a um asteroide ou inclusive a Marte nas próximas décadas.
Outro voo lunar
Se o voo de testes desta quinta-feira for bem sucedido, será uma excelente notícia para a Nasa, que ficou sem recursos para enviar seus próprios astronautas à órbita da Terra desde que aposentou, em 2011, sua vetusta frota de ônibus espaciais, agora peças de museu. Atualmente, os astronautas americanos dependem das naves russas Soyuz para ir e voltar da ISS.
Se o Orion voltar sem problemas, acalmará um pouco os nervos dos especialistas espaciais, depois que os dois últimos voos comerciais acabaram em desastre: o foguete Antares, da empresa Orbital Sciences, explodiu no fim de outubro quando viajava para a ISS e, apenas dois dias depois, dois pilotos morreram na explosão da nave da Virgin SpaceShipTwo.
O voo de testes do Orion "é absolutamente o mais importante que a agência espacial terá feito este ano", disse William Hill, encarregado de desenvolvimento dos sistemas de exploração da Nasa.
O Orion poderá ser a primeira nave do tipo capaz de viajar tão longe desde as missões Apolo, enviadas à Lua nos anos 1960 e 1970.
O teste avaliará o rendimento da cápsula diante de desafios chave como a separação por estágios do foguete, a elevada radiação e calor abrasador (de 2.200°C), bem como o pouso no mar em para-quedas perto do sudoeste de San Diego, na Califórnia.
A viagem de volta simulará um retorno da Lua.
Os críticos do projeto Orion, que também incluiu a construção dos foguetes mais poderosos do mundo (Space Launch System, SLS), condenam seu custo e a falta de atenção do governo com problemas verdadeiramente importantes.
A última estimativa da Nasa indica que o desenvolvimento da SLS/Orion terá custado entre 19 e 22 bilhões para 2021, muito acima dos US$ 18 bilhões estimados em 2011.
O primeiro voo de testes do Orion com tripulantes a bordo está previsto para 2021. Depois disto, é um mistério qual será o destino exato da nave.
As missões futuras poderiam incluir uma viagem a um asteroide ou uma visita a Marte em 2030, embora a Nasa não tenha estabelecido nem planos, nem orçamento precisos.
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