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Estado de Minas

Nova York enfrenta mais protestos por impunidade policial

Manifestantes foram às ruas depois de absolvição de um policial que matou um homem negro


postado em 05/12/2014 00:10 / atualizado em 05/12/2014 08:32

Nova York enfrentou mais uma noite de protestos nesta quinta-feira, com ao menos 1.500 pessoas se manifestando para denunciar a impunidade, após a absolvição de um policial branco que matou um homem negro, em mais um caso de violência racial nos Estados Unidos.


Depois dos protestos da véspera, que deixaram 83 detidos, a manifestação desta noite na Foley Square - no sul de Manhattan e na mesma zona do departamento de Polícia de Nova York - ocorreu de maneira pacífica, constatou a AFP no local.


Os manifestantes agitaram cartazes com os dizeres "A vida dos negros não conta" e "O racismo mata", aos gritos de "Não posso respirar!" - em referência a Eric Garner, 43 anos, agarrado no pescoço pelo policial Daniel Pantaleo antes de falecer, durante uma operação policial no dia 17 de julho passado.


A atuação do policial Pantaleo foi filmada por um cinegrafista amador. No vídeo, Garner se queixa várias vezes de não conseguir respirar. Obeso e asmático, ele perdeu os sentidos em seguida e foi declarado morto no hospital.


"Ferguson está em todas as partes", diziam vários cartazes no protesto desta quinta, em referência à cidade do Missouri onde o policial Darren Wilson, que matou a tiros o jovem negro desarmado Michael Brown, também foi isento de julgamento por um grande juri.


Vários helicópteros sobrevoaram a área do protesto, que foi controlada por centenas de policiais. "Não vamos parar até que haja algo", explicou à AFP Jonathan, um ativista de 40 anos, que se reuniu com cerca de 100 pessoas na Union Square para seguir até a Foley.


"Não podemos tolerar a impunidade da polícia. O governo tem que fazer algo. Há um vídeo mostrando o que ocorreu. Do que mais precisam?" - questionou o ativista.


Antes da passeata, o prefeito de Nova York, Bill De Blasio, fez um apelo à calma, reafirmando o direito de manifestação mas lembrando que "a violência e a desordem são erradas e "contraproducentes".


Na quarta-feira, quase 5.000 pessoas ocuparam a Times Square, a Columbus Circle, áreas do Harlem e até de Staten Island, o bairro onde morreu Garner.


O secretário de Justiça, Eric Holder, anunciou a abertura de uma investigação federal sobre a possível violação de direitos civis no caso Garner.


Holder também informou, nesta quinta, que a polícia de Cleveland - onde um menino negro de 12 anos foi morto por um policial em novembro - fez uso excessivo da força.


"A investigação determinou que há razões para crer que a polícia de Cleveland (...) pratica um uso da força irracional e desnecessário, violando a Quarta Emenda da Constituição".


Na véspera, o presidente Barack Obama advertiu que "estamos vendo várias situações em que as pessoas não têm confiança de que estão sendo tratadas de maneira justa". "Não vamos parar até ver o fortalecimento da confiança e da responsabilidade que existe entre nossas comunidades e nossa polícia".


"Sem motivo razoável"


O júri, integrado por 23 americanos residentes em Nova York, "concluiu que não existia motivo razoável para decidir por um julgamento" de Daniel Pantaleo "depois de deliberar sobre a evidência apresentada no caso", afirmou o procurador de Staten Island, Daniel Donovan.


O policial Pantaleo, de 29 anos, divulgou um comunicado no qual afirma que jamais teve a intenção de machucar Garner e pediu desculpas à família.


Mas a esposa de Garner, Esaw, rejeitou o pedido e afirmou que o policial "deveria sentir remorso por não ter ouvido os gritos do marido, que pedia para que o deixassem respirar".


A Polícia de Nova York, a maior dos Estados Unidos, conta com 35.000 oficiais e é criticada frequentemente pelo uso excessivo da força, principalmente contra as minorias latina e negra.


De Blasio anunciou na quarta-feira que 60 agentes da cidade começarão a usar no fim de semana uma microcâmera no uniforme, em um período de testes. Com esta iniciativa, a Prefeitura pretende tornar mais transparentes as ações policiais.


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