Jornal Estado de Minas

Policial mata outro homem negro em meio a protesto contra dois casos similares nos EUA

Caso acontece enquanto país vive onda de protestos contra violência policial. Americanos foram às ruas após casos parecidos em Ferguson e Nova York

AFP

No último mês, manifestações se espalharam pelo país depois de casos semelhantes em Ferguson e Nova York - Foto: Andrew Burton / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP


Um policial branco matou um homem negro desarmado no Arizona (sul), enquanto ocorriam vários protestos em Nova York e em outros locais dos Estados Unidos contra a morte em condições similares de dois outros americanos. A polícia de Phoenix disse na quinta-feira em um comunicado que um homem negro de 34 anos, Rumain Brisbon, foi detido sob suspeita de estar vendendo drogas. Segundo o relatório policial, Brisbon tentou fugir e negou-se a obedecer a várias ordens do policial branco de 30 anos, cujo nome não foi revelado, mas que tem sete anos de experiência, informou.


Uma briga começou entre os dois homens enquanto o policial tentava prendê-lo. "Durante a briga, Brisbon colocou sua mão esquerda no bolso e o policial segurou a mão do suspeito, mandando repetidamente que ele mantivesse a mão no bolso", disse a polícia. "O policial acreditou sentir a coronha de uma arma enquanto segurava a mão do suspeito no bolso", explicou.


"O policial não conseguiu manter o controle da mão do suspeito durante a briga. Temendo que Brisbon tivesse uma arma no bolso, o policial atirou duas vezes, ferindo-o no peito". Brisbon foi declarado morto no local pouco depois da chegada dos bombeiros e dos reforços policiais. No bolso do falecido foi encontrada uma caixa de pílulas de oxicodona, um analgésico potente e viciante, consumido às vezes como droga recreativa.


Marci Kratter, um advogado de Phoenix que representa a família, disse que "várias testemunhas contradizem a versão da polícia".

"É uma tragédia. Não tinha nenhuma arma e não ameaçou ninguém", acrescentou. Este incidente ocorre num momento em que a tensão racial cresce nos Estados Unidos pela morte de dois homens negros desarmados, Michael Brown em Ferguson (Missouri, centro) e Eric Garner em Nova York (leste), mortos por policiais brancos que não foram indiciados.

 

Nova York e Ferguson

 

O caso acontece em meio a protestos no país contra a impunidade policial. Nesta semana, americanos foram às ruas após a absolvição de um policial branco que matou um homem negro em Nova York. O policial Daniel Pantaleo agarrou Eric Garner, de 43 anos, pelo pescoço e o matou durante uma operação policial. Um júri integrado por 23 americanos residentes em Nova York"concluiu que não existia motivo razoável para decidir por um julgamento do policial. Durante as manifestações, 83 pessoas foram detidas. A Polícia de Nova York, a maior dos Estados Unidos, conta com 35.000 oficiais e é criticada frequentemente pelo uso excessivo da força, principalmente contra as minorias latina e negra.

 

Americanos do país inteiro foram às ruas no último mês depois da decisão da justiça de não julgar o policial branco que matou um jovem negro, em Ferguson, Missouri. Um júri popular decidiu não indiciar o policial Darren Wilson pela morte de Michael Brown, de 18 anos, em agosto. O oficial disse que atirou na vítima porque teve medo de ser assassinado, pois acreditou que Brown poderia tomar sua arma para atacá-lo. Durante os protestos, mais de 80 manifestantes foram detidos.

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