Jornal Estado de Minas

EUA têm protestos violentos após funeral de jovem negro

AFP

Policiais entraram em confronto com manifestantes na Califórnia em mais uma noite de protestos por todo os Estados Unidos contra os recentes assassinatos de negros pela polícia.

Manifestantes em Berkeley, na Califórnia, atiraram pedras em policiais, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e fumaça para dispersar a multidão.

Vários policiais ficaram feridos, e prédios e carros foram saqueados e depredados, relatou a porta-voz da polícia Jennifer Coats.

"Vários policiais foram atingidos e um oficial foi ferido com um saco de areia e levado para o hospital com o ombro deslocado", disse Coats.

O protesto ocorreu horas após o funeral de Akai Gurley, 28 anos, morto a tiros por um policial quando estava com a namorada na escada de um conjunto habitacional no Brooklyn.

- 'Linchamentos modernos' -

O funeral de Gurley foi marcado por muitos protestos.

O ativista Kevin Powell, que agradeceu ao prefeito Bill de Blasio e à cidade de Nova York por arcarem com os custos do funeral, fez um apelo emocionado.

"Akai era inocente, inocente, inocente," repetiu. "Trata-se de um linchamento moderno, mais uma vez. Akai Gurley foi mais uma vítima".

O ativista pediu pela reforma da polícia e falou sobre os recentes protestos que acontecem por todo o país para denunciar os assassinatos de homens negros por policiais brancos.

"Temos que fazer o que for possível para evitar mais situações como esta", disse.

O funeral de Gurley se deu em meio à proliferação de protestos por todo o território dos Estados Unidos, contra a morte de negros por policiais brancos. Entre as vítimas estão Michael Brown, de 18 anos, morto em Ferguson, no Missouri, em agosto, e Eric Garner, morto pela polícia nova-iorquina em julho.

No mês passado, um menino negro de 12 anos usando uma arma de brinquedo foi morto a tiros pela polícia em Cleveland, Ohio.

Os protestos prosseguiram no sábado. A Rede Aliança Nacional, do reverendo Al Sharpton, celebrou um ato no Harlem, que contou com a presença do cineasta Spike Lee, um conhecido defensor dos direitos da minoria negra americana

Outras personalidades se manifestaram pelas mortes. No sábado, o jogador do Chicago Bulls Derrick Rose usou no aquecimento do jogo da NBA uma camiseta com a frase "Eu não consigo respirar", dita por Garner antes de morrer asfixiado.

Em Washington, ruas foram fechadas no centro da cidade, onde centenas de pessoas se reuniram, repetindo em coro: "Mostre-me o que é democracia!". Na Estação Central de Nova York, manifestantes deitaram no chão, segurando cartazes que lembravam as vítimas.

- Lembrando Gurley -

O funeral de Gurley contou com cantores de música gospel e com a leitura de um poema pelo irmão mais novo de Gurley, que, soluçando, foi confortado por um familiar. Houve ainda a exibição de um vídeo com imagens de Gurley com a filha pequena.

Autoridades, incluindo a defensora pública de Nova York, Letitia James, e ativistas compareceram à cerimônia.

O promotor do Brooklyn, Ken Thompson, afirmou que apresentará todas as provas para que o grande juri tome sua decisão.

"Prometo conduzir uma investigação ampla e justa para dar ao grande juri toda a informação necessária para que seu trabalho seja feito", garantou.

A polícia de Nova York admitiu que Gurley era "totalmente inocente".

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