Quem já se despediu de um pet querido provavelmente se perguntou sobre o que acontece com eles. Se a temática de vida após a morte já é polêmica ao se referir a seres humanos, quando os sujeitos são animais ela não deixa a desejar. Ainda mais quando o líder da Igreja Católica decide falar sobre isso.
O assunto ganhou força mundo afora essa semana após o jornal americano New York Times publicar uma matéria em que o pontífice aparece no centro da discussão. Em uma primeira versão, a publicação diz que o papa Francisco afirmou que vamos rever nossos animais na eternidade. A afirmação em si foi o suficiente para acender o debate entre defensores dos direitos dos animais, empresários do mercado de carnes e teólogos mundo afora.
Oficialmente, a Igreja Católica não tem uma posição sobre a vida após a morte para animais, apesar de outros pontífices terem, ao longo da história, terem comentado sobre o assunto. No caso do papa argentino, o comentário que deu início a discussão foi feito em uma audiência geral, no final de novembro. Falando sobre a jornada cristã, Francisco indicou que a ressurreição e vida posterior podem ser algo planejado para toda a criação, e não só para os seres humanos.
O papa ainda afirma que outros textos se referem à imagem do “novo céu” e da “nova terra” como o universo todo renovado e liberados de todos os vestígios do mal e da própria morte. “O que vem pela frente (...) é, portanto, uma nova criação; não é uma aniquilação do universo e de tudo o que nos rodeia, mas é trazer tudo para a sua plenitude de ser, verdade, beleza”, conclui.
Apesar de não dizer diretamente que os animais também serão aceitos na eternidade, a fala do papa em exercício faz essa interpretação parecer possível. Antes dele, em uma afirmação ainda mais polêmica e direta, o papa Paulo VI disse à um garoto triste pela perda de seu cachorro que “um dia, veremos nossos animais na eternidade de Cristo”.
Na contramão, dois dos últimos três papas refutaram a ideia publicamente. O último deles, Bento XVI, disse em 2008 que para “outras criaturas, que não são chamados para a eternidade, a morte significa apenas o fim da existência na terra”. João Paulo II compartilhava da opinião. O papa polonês citou o sopro de vida dado por Deus ao homem, relatado em Gênesis, para comprovar a existência de um espírito (e alma) nos homens e não nos animais..