A Austrália abriu nesta quarta-feira uma investigação para esclarecer como um islamita desequilibrado e com um passado violento conseguiu obter a nacionalidade australiana e não se encontrava sob vigilância quando, na segunda-feira passada, protagonizou uma tomada de reféns em uma cafeteria de Sydney. Ao final de 16 horas de sequestro, uma equipe das forças especiais pôs fim à ação terrorista, na qual morreram o sequestrador e dois dos 17 reféns.
O autor do crime, xeque Man Haron Monis, um iraniano de 50 anos, se encontrava em liberdade sob fiança depois de ser acusado de cumplicidade no assassinato de sua ex-mulher e outros delitos, como agressões e abusos sexuais. No mês passado, postou uma mensagem em seu site na qual prestava juramento ao "califa dos muçulmanos", o que poderia ser uma referência ao líder do grupo jihadista Estado Islâmico, Abu Bakr al Bagdadi, assim autoproclamado.
Monis igualmente se tornou conhecido das autoridades australianas quando foi condenado por enviar cartas ofensivas a familiares de soldados mortos, há sete anos. Muitos se questionam agora por que ninguém se preocupou com este homem que, segundo o primeiro-ministro Tony Abbot, tratava-se de um extremista com um passado violento e nítido desequilíbrio mental.
Também examinará o que os serviços secretos sabiam sobre ele e como compartilharam as informações as diferentes administrações. "O sistema não gerenciou corretamente este indivíduo", admitiu o chefe do executivo, que prometeu ainda uma transparência total nos resultados da investigação.
Nas ruas, é possível observar que o dispositivo de segurança foi reforçado em Sydney, onde centenas de policiais foram mobilizados. Abbott também prometeu que as autoridades serão implacáveis em relação a todos que "pregarem o ódio, se associarem a organizações terroristas ou a seus partidários, falarem mal de nosso país, nossa forma de viver, nossas liberdades e nossa tolerância".
Na véspera, um mar de flores tomou conta de um memorial improvisado perto do local do incidente, no coração do bairro financeiro de Sydney, onde os líderes da comunidade muçulmana se juntaram aos cidadãos locais em luto pelas duas vítimas do crime. Os dois reféns mortos no sequestro dramático no café de Sydney foram saudados como heróis dispostos a sacrificar suas vidas pelo próximo em uma cerimônia religiosa.
Tori Johnson, de 34 anos, gerente do Lindt Chocolat Cafe, palco da tomada de reféns pelo islamista radical, e Katrina Dawson, advogada de 38 anos e mãe de três filhos, morreram no momento em que a tropa de elite da polícia invadiu o local. Durante uma cerimônia na catedral St Mary's, que fica perto do local da tragédia, o arcebispo Anthony Fisher citou o "coração partido" da cidade.