Jornal Estado de Minas

EUA anunciam reaproximação com Cuba

Segundo fonte da Casa Branca, Obama manteve uma longa conversa telefônica com Raúl Castro e ambos acordaram a abertura de embaixadas "nos próximos meses"

AFP
Obama disse que ficou claro que o isolamento a Cuba não atingiu seu objetivo - Foto: Doug Mills/POOL/AFP
Os Estados Unidos e Cuba iniciaram uma aproximação histórica nesta quarta-feira para retomar os laços diplomáticos e aliviar as cinco décadas de embargo comercial americano contra seu vizinho comunista. Na sequência de uma troca de prisioneiros, autoridades americanas informaram que o presidente Barack Obama estava pronto para negociar os termos para reabrir a embaixada dos Estados Unidos em Cuba, que está fechada desde 1961.

Obama conversou com seu colega cubano, Raúl Castro, por telefone,  nessa terça-feira. Hoje, ambos os líderes se pronunciaram, definindo os próximos passos para um degelo de suas relações. "Está claro que décadas de isolamento dos Estados Unidos de Cuba não conseguiram alcançar o nosso objetivo permanente de promover a ascensão de uma Cuba democrática, próspera e estável", informou a Casa Branca.

Falando em cadeia nacional, Obama anunciou que os Estados Unidos vão revisar a designação de Cuba como Estado patrocinador do terrorismo e que vai discutir no Congresso a suspensão do embargo aplicado contra Havana, destacando que isolar a ilha por 50 anos não atingiu seus objetivos. "Através dessas mudanças, tentamos criar mais oportunidades para os povos americanos e cubanos e iniciar um novo capítulo", afirmou.

Obama agradeceu ainda ao papa Francisco pela ajuda que proporcionou no processo de aproximação dos dois países.

Já o presidente cubano, Raul Castro, em um pronunciamento simultâneo, disse que durante conversa por telefone com o presidente americano, nessa terça-feira, acertou "o restabelecimento das relações diplomáticas" com os Estados Unidos, lamentando, no entanto, que ainda seja mantido o "bloqueio" econômico sobre a ilha.

"Acertamos o restabelecimento das relações diplomáticas. Isto não quer dizer que o principal tenha sido resolvido: o bloqueio econômico", disse Raul, que confirmou, também, a libertação de três agentes cubanos presos nos Estados Unidos, assim como as do funcionário terceirizado do governo americano Alan Gross e de um "espião de origem cubano" a serviço de Washington em Cuba.

"Hoje, estamos renovando nossa liderança nas Américas", disse em um comunicado divulgado para introduzir o discurso de Obama, confirmando que as negociações vão começar no restabelecimento de relações diplomáticas plenas. "Estamos escolhendo soltar a âncora do passado, porque isso é absolutamente necessário para alcançar um futuro melhor - para os nossos interesses nacionais, para o povo americano e para o povo cubano". Em Havana, a televisão estatal informou que Castro - irmão do líder revolucionário cubano Fidel - também fará um discurso.
- Foto: Arte/Soraia Piva
Pontífice

Autoridades americanas declararam que o papa Francisco, o primeiro pontífice da América Latina, desempenhou um papel fundamental na mediação da reaproximação.
Os Estados Unidos impuseram um embargo comercial contra Cuba - o inimigo da Guerra Fria mais próximo de sua costa - em 1960 e os dois países não têm relações diplomáticas desde 1961.

O embargo prejudica a economia da ilha caribenha, mas não conseguiu derrubar o governo comunista liderado pelos irmãos Castro.

A notícia da aproximação chegou na sequência da libertação por Cuba de Alan Gross, de 65 anos, um empreiteiro americano mantido prisioneiro por cinco anos sob acusações de espionagem, e de um suposto agente americano não identificado. Em troca do segundo prisioneiro, os Estados Unidos libertaram três supostos espiões cubanos. Ambos os lados haviam apontado a libertação de seus cidadãos como pré-condição para a abertura de negociações..