Jornal Estado de Minas

Papa pede ternura frente às dificuldades do mundo

Francisco convidou os católicos a serem humildes, ternos, abertos, a não cederem à cólera em suas vidas e a mostrarem empatia pelos que estão em dificuldades

AFP
Papa Francisco se ajoelha na noite de Natal na Basílica de São Pedro, no Vaticano - Foto: REUTERS/Max Rossi

O papa argentino Francisco celebrou antes da meia-noite desta quarta-feira, na Basílica de São Pedro, a segunda Missa do Galo de seu pontificado, durante a qual pediu aos católicos que respondam com "ternura" e "doçura" às situações mais duras do mundo.

"Temos a coragem de acolher com ternura as situações difíceis e os problemas de quem está ao nosso lado, ou preferimos soluções impessoais, talvez eficazes, mas sem o calor do Evangelho?", questionou o papa durante a solene homilia. "Quanta necessidade de ternura o mundo tem hoje!", conclamou ele, diante dos cerca de cinco mil peregrinos que assistiam à cerimônia.

O papa também explicou o significado do nascimento de Jesus para os cristãos: "uma luz que irrompe e dissipa a mais densa escuridão". Transmitida ao vivo por televisão para vários países do mundo, a tradicional missa começou às 21h30 (18h30 em Brasília) e durou menos de duas horas.



Em seu pronunciamento, o primeiro papa latino-americano convidou os católicos a serem humildes, ternos, abertos, a não cederem à cólera em suas vidas e a mostrarem empatia pelos que estão em dificuldades. "A vida tem de ser vivida com bondade, com brandura", insistiu o papa argentino.

Aos milhares de peregrinos e turistas que acompanharam a missa, o papa pediu "a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida". "Senhor, conceda-me a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida; dê-me a graça da proximidade frente a toda necessidade; da doçura, não importa qual seja o conflito", acrescentou.

Ao fim da Eucaristia, o sumo pontífice depositou a imagem do menino Jesus em uma manjedoura instalada na basílica vaticana. A missa começou com a "Kalenda", o tradicional canto gregoriano que recapitula a espera da chegada de um messias no Antigo Testamento. Depois disso, a basílica foi iluminada para simbolizar o anúncio do nascimento de Jesus Cristo.

Com cerca de 80 integrantes, o coro da Capela Sistina acompanhou a procissão ao canto de "Glória", e os sinos de São Pedro ressoaram para anunciar a natividade. "Também nós, nessa bendita noite, viemos à casa de Deus, atravessando as trevas que envolvem a terra, guiados pela chama da fé que ilumina nossos passos e animados pela esperança de encontrar a 'grande luz'", disse ele.

O papa pediu ainda aos fiéis que abandonem "atitudes de impasse", assim como "a arrogância" e a "soberba", limitações que admitiu encontrar, inclusive, entre seus colaboradores no governo da Igreja.

A prece universal foi recitada em vários idiomas, incluindo chinês e árabe.
Na última segunda-feira, adotando um tom duro sem precedentes, ele já havia denunciado o "Alzheimer espiritual", a "esquizofrenia existencial", o "endurecimento mental e espiritual" e a "indiferença", que invadem o corpo da Igreja Católica - sobretudo, a Cúria Romana, seu governo central.

O papa argentino está preparando uma encíclica sobre o meio ambiente, a celebração de um segundo sínodo sobre os desafios da família moderna e também lidera a reforma da Cúria, que gera muitas preocupações internas.

Do balcão da basílica de São Pedro, Francisco concederá amanhã, dia 25, a bênção natalina, divulgando sua mensagem "Urbi et Orbi". Nela, os papas costumam pedir paz. .