Os serviços de censura chineses bloquearam o acesso ao serviço de email do Google, Gmail, anunciaram especialistas nesta segunda-feira. A medida parece ser mais passo dado por Pequim na tentativa de estabelecer sua própria "soberania" na internet.
As dificuldades para se conectar ao Gmail na China não são novidade, assim como as tensões entre Google e Pequim, mas as últimas medidas indicam um bloqueio completo na China do maior serviço de email do mundo.
As últimas vias de acesso ao Gmail foram interrompidas nos últimos dias, e o tráfego de conexões entre a China e o serviço do Google caíram brutalmente na sexta-feira, segundo dados publicados pelo "Google's Transparency Report".
"O bloqueio marca uma atitude cada vez mais agressiva [de Pequim] em relação ao que considera sua soberania em internet", avalia Jeremy Goldkorn, especialista em internet na China.
"Nestes dois últimos anos, comprovamos um aumento constante de todas as formas de censura na internet na China", disse Goldkorn, editor-chefe do site de notícias danwei.org, que também foi bloqueado pelas autoridades chinesas.
Em Washington, o departamento de Estado evitou acusar diretamente Pequim pelo problema, mas o porta-voz Jeffrey Rathke manifestou a preocupação dos Estados Unidos com "os esforços da China para minar a liberdade de expressão, particularmente na Internet".
"Pedimos à China que seja transparente em suas relações com as multinacionais" como o Google, acrescentou Rathke.
Em 2014, os serviços do Google foram bloqueados nas datas próximas ao 25º aniversário do massacre na praça da Paz Celestial, ocorrido em 4 de junho de 1989.
Pequim voltou a apertar a censura diante dos protestos em Hong Kong, que pediam o sufrágio universal nas eleições de 2017.
Vários usuários chinesas demonstraram insatisfação nesta segunda-feira, pedindo o fim da censura ao Gmail.
"O motivo do bloqueio do Gmail são os problemas políticos internos. Isso mostra até que ponto o contexto político atual é sombrio", considerou um deles.