Os últimos dias foram especialmente estressantes e difíceis para os jornalistas franceses. Além de perder colegas em um atentado terrorista bárbaro e ver a liberdade de expressão – um dos principais pilares da sociedade na França – ser violentamente agredida, eles precisam manter um certo distanciamento para reportar os fatos com isenção e credibilidade. Quatro repórteres, dois deles dos principais jornais e revistas do país, deram depoimentos emocionados à mídia internacional. Sylvain Mouillard, de 28 anos, repórter do Libération, conta: “Eu tinha um dia de folga na quarta-feira. Meu chefe me telefonou às 11h30 e pediu-me que fosse para perto do escritório da revista Charlie Hebdo. Nós percebemos muito rapidamente que se tratava de um assassinato em massa e que aquele dia seria muito longo. Eu permaneci próximo à sede da Charlie por duas horas, tentando coletar relatos de testemunhas e de policiais. Então, voltei para a redação do Libération, onde eu tive de escrever uma longa reportagem sobre aquele dia.
Pierre Dumazeau, 22 anos, jornalista de revista Valeurs Actuelles, diz: “Havia uma atmosfera pesada após o ataque, e ainda estamos em choque. Foi horrível para mim descobrir os nomes de todos os jornalistas que foram mortos. Nosso escritório editorial recebeu proteção policial. É duro, dói, mas eu tive que escrever logo após o ataque para informar, ao vivo, nossos leitores. Em um primeiro momento, você não pode acreditar nas notícias. Minutos após minuto, eu vi na TV imagens horríveis de um cadáver e, depois, seus nomes. Agora, precisamos continuar nosso trabalho, sem qualquer censura ou pressão”. Capucine Graby, jornalista do blog MyMoonSpots e comentarista da TV BFM Business informa que Paris chora. “Entre quarta e sexta-feira, enfrentamos os ataques mais letais dos últimos 50 anos. A tensão é máxima. Esta é uma guerra.”