Diante das novas ameaças feitas à França por um porta-voz do grupo terrorista Al-Qaeda na Península Arábica (AQPA), o governo anunciou neste sábado (dia 10) um reforço para prevenir atentados. Mais 500 soldados, policiais e agentes de serviços de inteligência serão deslocados à capital. Em paralelo, uma caçada continua a Hayat Boummedienne, companheira de Amedy Coulibaly, autor de dois atentados que deixaram cinco mortos entre quinta e sexta-feira.
As novas advertências foram feitas em vídeo publicado na internet ainda na sexta-feira e localizado pelo Site, um centro de observação de atividades jihadistas na rede mundial. No vídeo, Harith Al-Nadhari, ideólogo islâmico da AQPA, não reivindica os ataques a Paris, mas afirma: "Vocês não estarão em segurança enquanto combaterem Allah, seu mensageiro e seus fieis". Em outro trecho, ele completa: "Soldados que adoram Allah e seus mensageiros estão entre vocês. Eles não temem a morte, eles procuram o martírio em nome de Allah".
Pela manhã, uma reunião ministerial, a sétima desde o início da crise, foi coordenada pelo presidente da França, François Hollande. Nela foram discutidas as investigações e medidas para reforçar a proteção interna. "Estamos expostos a risco. É importante que o plano (antiterrorismo) Vigipirata, que foi elevado (ao grau máximo) em toda a Île-de-France, seja mantido nas próximas semanas", informou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve. "É a razão pela qual decidimos manter a mobilização e aumentá-la para proteger um certo número de instituições."
Um contingente de 500 novos agentes será deslocado para Paris e imediações, dos quais 250 soldados de regimentos do interior, de acordo com o Ministério da Defesa, que integrarão um efetivo de 1,1 mil militares do Exército nas ruas. Ainda conforme Cazeneuve, a segurança para a manifestação silenciosa está garantida. "Todas as medidas foram tomadas para que essa manifestação possa acontecer em recolhimento, com respeito e com segurança", afirmou, reiterando: "Todas as disposições foram tomadas para garantir a segurança dessa reunião."
Há duas preocupações urgentes para as forças de segurança. A primeira é justamente a maior das manifestações, a marcha silenciosa, que partirá neste domingo da Praça da República, no centro de Paris. Dela participarão os mais importantes líderes europeus, como Hollande, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e os primeiros-ministros da Grã-Bretanha, David Cameron, da Itália, Matteo Renzi, da Espanha, Mariano Rajoy, e da Turquia, Ahmet Davutoglu, além de chefes de Estado e de governo de fora da Europa - a líder de extrema-direita Marine Le Pen não foi convidada. Para garantir a segurança da multidão, pelo menos 1,3 mil militares vigiarão o centro da capital.