O Estado de S. Paulo
foi o último jornal a entrevistar o arcebispo de San Salvador, assassinado no início da noite de 24 de março de 1980, três dias depois de ter falado a este repórter, José Maria Mayrink, à porta do Seminário São José. "Aqui em El Salvador, todos temos medo de morrer", respondeu d.
"Critiquei as organizações populares (de esquerda), mas a reação do governo é desproporcional e as vítimas são mais numerosas nas esquerdas", afirmou d. Oscar Romero, ao falar da violência. "A resposta às provocações não deve ser somente militar. É preciso ouvir a voz que clama por justiça. Nos últimos dias, houve vítimas que não morreram em choques, mas em suas casas, após sequestros e torturas", denunciou.
Apesar dos riscos, arcebispo andava sempre sozinho. Ele foi morto com um tiro no peito durante a missa que celebrava no Hospital da Providência, em San Salvador. O assassino era membro das forcas paramilitares, de extrema direita, que atuavam contra as guerrilhas, à margem da Força Armada, o exército de El Salvador. Em estado de sítio, o país era governado pela Junta Revolucionária de Governo, da qual participava a Democracia Cristã, com apoio dos Estados Unidos. O então presidente Jimmy Carter lamentou o atentado como um ato escandaloso e imoral"..