Os seis ex-detentos de Guantánamo que chegaram ao Uruguai em dezembro passado sofrem "problemas de adaptação", enfrentando diferenças culturais e as consequências de um longo isolamento em "condições inóspitas", comentou o presidente José Mujica nesta sexta-feira.
Os refugiados "têm notórias dificuldades com o idioma, têm problemas de adaptação, porque não apenas pertencem a outras culturas, mas lidam com as consequências de 13 anos de isolamento em condições inóspitas", disse Mujica, em seu programa de rádio "Habla el presidente", um dia depois de visitá-los pela primeira vez.
O presidente também falou da visita a Buenos Aires de um desses refugiados, o cidadão sírio Jihad Diyab. Segundo Mujica, essa viagem mostrou "a falsidade de algumas declarações que quiseram nos transformar em carcereiros dos Estados Unidos".
No ano passado, Diyab chegou a entrar em greve de fome e recorreu à Justiça americana para fazer valer seu direito de não ser alimentado à força durante sua reclusão em Guantánamo.
"Nunca vou esquecer dos companheiros que estão lá e é por isso que vim aqui para lutar. Por exemplo, o governo argentino pode receber presos de Guantánamo aqui em caráter humanitário", disse Jihad Diyab a jornalistas da Radiográfica e da rádio das Mães da Praça de Maio.
Diyab chegou ao Uruguai em dezembro, junto com o tunisiano Abdul Bin Mohammed Abis Ourgy, de 49 anos, o palestino Mohammed Tahanmatan (35) e os sírios Ahmed Adnan Ahjam (37), Ali Hussain Shaabaan (32) e Omar Mahmud Faraj (39), depois de passar mais de uma década na prisão americana instalada em solo cubano.