Jornal Estado de Minas

ELN descarta eximir militares de julgamentos após acordo de paz na Colômbia

AFP

O ELN, a segunda guerrilha da Colômbia, rechaçou nesta segunda-feira a possibilidade de que os membros da força pública se isentem de responder a julgamentos por crimes cometidos no âmbito do conflito armado, uma vez assinado um acordo de paz.

O Exército de Libertação Nacional (ELN, guevarista), que mantém há meses conversações preliminares com o governo para por um fim a 50 anos de conflagração, declarou em sua página web www.eln-voces.com que considera "muito grave" que um eventual processo de justiça transitório impeça que militares e policiais colombianos sejam julgados uma vez selado a paz.

O texto, assinado pelo comando central do ELN, é uma resposta a uma proposta do ex-presidente colombiano César Gaviria (1990-94), que na semana passada exigiu que os miliares sejam "blindados" no eventual processo de justiça que será desenhado para facilitar o fim do confronto.

"Isto é muito grave porque as vítimas do conflito são milhões, que continuarão sofrendo com a dor de mais de 70 anos de guerra, que não aceitarão a absoluta impunidade, que torna impossível virar a página da história enquanto não se fizer justiça", avaliou a liderança do grupo guerrilheiro.

"O ELN continua considerando indispensável que, no tema das vítimas, haja verdade, justiça, reparação, garantia de não repetição, bem como perdão, mas não esquecimento", acrescentou o comando central, apontando o Estado e as instituições colombianos de responsabilidade em "massacres, desterros e torturas".

Segundo grupo insurgente do país, depois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, comunistas), o ELN anunciou, em meados do ano passado, que celebra diálogos exploratórios com o governo para instalar uma mesa de paz paralela à existente com as Farc, em Cuba, desde novembro de 2012.

Sobre a reparação às vítimas, o ELN acrescentou nesta segunda-feira que a mais importante é "a do tipo moral e é sobre esta reparação que se deve assumir a reparação material por parte do Estado".

O grupo guerrilheiro defendeu, assim, que a comunidade internacional dê seu "aporte respeitoso" ao processo de paz e ao que será a justiça transitória.

A Colômbia vive um conflito armado de mais de meio século, envolvendo as guerrilhas de esquerda, paramilitares de direita, forças militares e grupos de narcotraficantes, que deixou oficialmente 220.000 mortos e 5,3 milhões de deslocados.

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