"Esses crocodilos são totalmente novos para a ciência porque não se sabia que havia crocodilos que se alimentavam de moluscos", sustentou o estudioso que lidera desde 2002 uma equipe de paleontólogos peruanos, americanos e franceses na região de Loreto, no nordeste do Peru.
Em um telefonema feito da Flórida, nos Estados Unidos, Salas-Gismondi manifestou que entre as espécies encontradas destaca-se um crocodilo de nariz pequeno que utilizava sua mandíbula achatada para caçar os moluscos em lamaçais da Amazônia. "Este crocodilo com dois metros de altura tinha o focinho muito curto e a mandíbula muito forte", afirmou o paleontólogo, ao comentar que os crânios e as mandíbulas dos animais encontrados foram indispensáveis para serem identificados.A descoberta ocorreu recentemente em um sítio paleontológico de 20 metros quadrados em duas localidades da cidade de Anchiyacu perto das bacias dos rios Amazonas, Itaya e Momón, na região de Loreto, fronteiriça com o Equador. A pesquisa foi publicada recentemente na revista Proceedings B da Royal Society.Os estudiosos tiveram que esperar os meses de julho e agosto, quando o nível dos rios baixam quase 10 metros, para poderem fazer suas pesquisas. Nesse momento, entraram nas partes rochosas que se formam ao lado dos rios onde foram localizados os fósseis."O interessante deste estudo é que identificamos uma etapa na história da Amazônia, na qual os membros dessa comunidade alimentícia das zonas tropicais eram crocodilos que se alimentavam de moluscos", afirmou Salas.
"Há milhares de anos a Amazônia não era como é agora, o ambiente era diferente, com pântanos e lagos. A floresta estava fragmentada por lagos, todo este ecossistema desapareceu quando o rio Amazonas apareceu", explicou.
Em 2011, outra expedição de paleontólogos peruanos liderados por Klaus Hönninger e austríacos foram descobertos na região de Loreto os restos fossilizados de um crocodilo gigante com idade de 20 milhões de anos.