A presidente argentina Cristina Kirchner mobilizou neste domingo uma multidão para seu último discurso de abertura das sessões do Congreso antes das eleições de outubro, onde ressaltou as conquistas dos 12 anos de gestão kirchnerista.
Enfática, a presidente de 62 anos falou durante três horas e 45 minutos, enfatizando os planos sociais, defendeu os milionários acordos comerciais com a China e questionou o Judiciário.
"Eu não deixo um país cômodo para os dirigentes, mas, sim, para o povo", disse no discurso em que lembrou diversas vezes que em nove meses deixará o poder.
Do lado de fora, uma expressiva concentração de militantes acompanhava em telões com cantos e aplausos eufóricos que variavam de acordo com o tema. Os presentes vibraram quando a presidente afirmou que seu governo "desendividou definitivamente" o país de 40 milhões de pessoas.
"Desendividamos definitivamente a República Argentina", disse Kirchner. "A Argentina é o único país que reduziu sua dívida externa no mundo todo", acrescentou.
Ao final do discurso, Kirchner abordou o tema mais delicado dos últimos dois meses: o atentado contra o centro judeu AMIA de 1994 e a acusação feita contra seu governo pelo promotor Alberto Nisman quatro dias antes de aparecer morto com um tiro na cabeça, em 18 de janeiro, véspera da explicação de sua denúncia no Congresso.
"Lamento sua morte como lamento a morte de qualquer argentino, de qualquer ser humano", disse Kirchner sobre a morte do promotor. Logo depois, a presidente classificou a denúncia como "uma vergonha". "Passaram 21 anos e não temos um só condenado, nenhum preso pelo atentado à AMIA em 1994, que deixou 85 mortos e 300 feridos. "Não me venham falar da AMIA", disse ofuscada por alguns cartazes sobre o assunto exibidos por deputados opositores.
No dia 10 de dezembro Kirchner entregará o poder ao vitorioso das eleições gerais de 25 de outubro.