"Com qual Nisman eu fico? Com o que nos acusa de ocultação ou com o que se dirigia a mim reconhecendo tudo o que havíamos feito?", questionou a governante em discurso diante da Assembleia Legislativa durante a abertura das sessões ordinárias do Congresso.
O fiscal foi encontrado morto em 18 de janeiro, quatro dias após denunciar a presidente. A acusação, no entanto, foi indeferida pelo juiz federal Daniel Rafecas, que considerou que a denúncia carecia de provas de que Kirchner tenha cometido qualquer tipo de delito.
Ovacionada e aplaudida pelos parlamentares governistas, ela se referiu a uma documentação encontrada em caixa forte de Nisman composta por dois textos que, segundo Rafecas, foram elaborados com uma "postura diametralmente oposta" à que o fiscal expressou contra a presidente em sua denúncia de 14 de janeiro. "O caso deveria se chamar Nisman contra Nisman", disse Kirchner sobre as contradições em que o investigador aparentemente incorreu.
"O que aconteceu entre o momento em que o fiscal Nisman saiu de férias e voltou, que em vez de apresentar o documento que iria apresentar, apresentou uma denúncia?", questionou a presidente. O juiz Rafecas destacou que o texto deixado pelo investigador destacava "considerações absolutamente positivas da política de Estado do governo nacional, desde 2004 até a atualidade".
A misteriosa morte de Nisman gerou uma crise política e institucional que prejudicou a imagem de Kirchner no seu último ano de governo. A presidente já havia desqualificado a denúncia do falecido em outras ocasiões e afirma que um ex-chefe de inteligência teria fornecido dados falsos ao fiscal para fundamentar a acusação. Ela sugere também que esse agente poderia estar por trás da morte do investigador.