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Estado de Minas

Após BBC exibir documentário polêmico, Índia diz que vai processar emissora


postado em 05/03/2015 17:37

Nova Délhi, 05 - O ministro do Interior da Índia afirmou nesta quinta-feira que o governo vai atuar contra a emissora de televisão britânica BBC depois de o canal ter ignorado uma ordem judicial e ter exibido um documentário sobre um estupro coletivo no qual um dos estupradores culpa a vítima pelo crime.

"Filha da Índia", documentário do cineasta britânico Leslee Udwin, deveria ser exibido no próximo domingo, Dia Internacional da Mulher, na Índia, na Grã-Bretanha, na Dinamarca, na Suécia e em vários outros países. No entanto, a polícia e o governo indianos obtiveram uma ordem judicial que suspendeu a sua exibição.

Diante da polêmica, o documentário foi ao ar na noite desta quarta-feira no Reino Unido. Porém, os indianos não conseguem acessá-lo no site do BBC.

A BBC afirmou em uma nota que havia adiantado a exibição do documentário "dado o imenso nível de interesse" e "para permitir que os telespectadores vejam este filme incrivelmente poderoso na primeira oportunidade".

O Ministro do Interior, Rajnath Singh, não especificou quais os passos que o governo indiano tomaria com a BBC, dizendo aos repórteres apenas que "todas as opções estão em aberto".

No filme, Mukesh Singh, um dos quatro homens condenados e sentenciados à morte por terem estuprado e assassinado uma garota em 2012, afirmou que "as garotas são mais responsáveis pelos estupros que os meninos".

"Uma menina decente não vai ficar por aí às 9h da noite. As garotas devem ficar em casa fazendo trabalho doméstico, não vagueando em discotecas e bares à noite, vestindo roupas erradas", disse Mukesh ao documentarista.

O filme gerou grande debate na Índia, um dos países com as mais altas taxas de estupro do mundo.

Em um comunicado divulgado ontem, a polícia do distrito de Deli afirmou que temia que a exibição do filme "criasse uma situação de tensão e medo entre as mulheres na sociedade" e que a proibição "é necessária para manter a ordem pública".

Ativistas e legisladores criticaram a proibição, dizendo que os comentários de Mukesh Singh apenas refletem um desrespeito maior com as mulheres na sociedade indiana. Fonte: Associated Press.


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