Jornal Estado de Minas

Dois europeus e três malineses mortos em ataque a restaurante de Bamako

AFP

Cinco pessoas - um francês, um belga e três malineses - foram mortos na madrugada deste sábado em um restaurante no centro de Bamako, no atentado mais mortífero na capital do Mali desde o lançamento da Operação Serval, em janeiro de 2013.

O atentado também deixou pelo menos oito pessoas feridas, incluindo três suíços, entre eles uma mulher que está em estado grave, segundo fontes médicas.

O chefe de Estado francês, Francois Hollande, denunciou "com a maior força o ataque covarde" de Bamako e prometeu ajudar o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, na luta contra o extremismo, informou a presidência francesa.

De acordo com a polícia do Mali, pelo menos um homem armado entrou pouco depois da meia-noite (hora local e GMT - 21h00 de sexta-feira no horário de Brasília) no restaurante La Terrasse, um estabelecimento muito apreciado por expatriados e localizado em uma rua movimentada da capital.

"Este foi um ataque terrorista, mas ainda esperemos mais detalhes", declarou um policial no local à AFP.

O chefe da missão da ONU no Mali (Minusma), Mongi Hamdi, condenou um "ataque hediondo e covarde", "realizado por pelo menos uma pessoa mascarada, que abriu fogo contra os clientes".

Ele acrescentou que entre os feridos estão "dois especialistas internacionais que trabalham com o Serviço das Nações Unidas de Luta Contra as Minas Terrestres (UNMAS) da Minusma."

"Por volta da meia-noite, começamos a ouvir disparos e as pessoas começaram a correr em todas as direções.

As pessoas começaram a dizer que eram bandidos, mas depois afirmaram se tratar de rebeldes", relatou à AFP um vendedor de rua, Hama Ongoiba, acrescentando que a polícia, alertada, logo entrou em cena.

Dois suspeitos, cuja identidade e a nacionalidade não foram revelados, foram presos neste sábado, de acordo com fontes policiais do Mali.

Eles "estão sendo interrogados", afirmou uma dessas fontes, que acrescentou que eles começaram a fornecer informações "interessantes".

'Lutar contra o terrorismo'

Paris confirmou que havia, "muito provavelmente, um francês, que está sendo identificado, entre as cinco vítimas".

O ministro belga das Relações Exteriores, Didier Reynders, condenou "este terror vil e covarde que atingiu Bamako", e confirmou a morte de um cidadão belga. Trata-se de um funcionário da União Europeia (UE) no Mali, de acordo com a comitiva do Alto Representante para as Relações Exteriores da UE.

"Este crime reforça a nossa determinação para lutar contra o terrorismo em todas as suas formas", disse o chanceler francês, Laurent Fabius.

O norte do Mali vive desde 2012 sob o controle de grupos jihadistas ligados à Al-Qaeda.

A maioria dos extremistas foram expulsos pela operação Serval, lançada por iniciativa da França em janeiro de 2013, que foi sucedida em agosto de 2014 pela Operação Barkhane, cujo alcance se estende a toda a região Sahel-Saharan.

Contudo, extensas áreas do norte ainda escapam do controle do governo central, mas os ataques jihadistas, que tinham aumentado desde o verão, especialmente contra a Minusma, que conta com cerca de 10.000 soldados e policiais, diminuíram de intensidade.

As forças francesas constataram recentemente "uma certa contenção entre os GAT (grupos armados terroristas), que não procuram mais atacar de forma sistemática como tínhamos sido observado anteriormente", declarou na quinta-feira o porta-voz do Estado Maior, o coronel Gilles Jaron.

O ataque desta madrugada ocorre num momento em que a rebelião tuaregue está sob forte pressão internacional, incluindo da ONU, para assinar até o final do mês um acordo de paz, tal como já fez o governo do Mali em 1º de março, em Argel.

O presidente Keïta convocou um Conselho de Defesa nesta manhã.

A Embaixada da França "constituiu uma célula de crise, e advertiu os franceses a reforçar a segurança das operações em conjunto com as autoridades do Mali", segundo a presidência francesa.

De acordo com um correspondente da AFP no local, os bombeiros recuperaram o corpo do francês morto no restaurante, localizado no bairro movimentado de Hipódromo.

Em uma rua próxima, o corpo de um policial do Mali e do guarda de uma casa privada estavam no chão, enquanto um pouco mais longe jazia o corpo de um cidadão belga.

Dezenas de policiais isolaram a área e várias testemunhas diretas estavam relutantes em falar por medo de represálias.

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