O assassinato de Boris Nemtsov, um dos principais opositores do presidente Vladimir Putin e conhecido por seu combate à corrupção, provocou comoção no país.
"Dois suspeitos foram detidos hoje em relação com este assassinato: Anzor Gubashev e Zaur Dadayev. O chefe de Estado já foi informado", declarou à televisão pública o diretor do FSB, Alexander Bortnikov.
Os dois homens são originários do Cáucaso, afirmou, indicando que a investigação continua.
Os investigadores não descartam nenhuma hipótese: de crime político à pista islamita, pelo apoio de Nemtsov à revista satírica francesa Charlie Hebdo, ou até mesmo um assassinato ligado ao conflito ucraniano executado por "elementos radicais".
Mas a oposição russa acusa o governo do presidente Vladimir Putin de estar por trás deste assassinato.
Putin chamou o assassinado de "provocação" para desestabilizar a Rússia e prometeu que os responsáveis serão julgados.
Depois de anunciar as prisões, o ex-número um do FSB, sucessor da KGB soviética, agora um advogado, Nikolai Kovalev, declarou à agência RIA Novosti que os primeiros relatos indicam que os dois homens não passam de assassinos contratados.
"A chave será encontrar quem ordenou este assassinato", disse ele.
O opositor Ilya Yashin comemorou as detenções, mas solicitou mais informações sobre a identidade dos detidos.
"Esperamos que a prisão (...) não seja um erro, mas o resultado de um bom trabalho das forças de segurança, mas no momento é difícil dizer", disse à Interfax.
"Francamente, a forma como a investigação tem sido conduzida não tem trazido otimismo, mas o fato de que houve detenções faz gerar algum otimismo", acrescentou.
O assassinato de Nemtsov, ex-vice-ministro do governo do presidente Boris Yeltsin (1991-1999) provocou uma onda de agitação na Rússia e recebeu condenação internacional.
Milhares de pessoas prestaram suas últimas homenagens na terça-feira, 3 de março, a Nemtsov, antes de seu enterro em um cemitério de Moscou. Participaram do funeral numerosos políticos e diplomatas estrangeiros, incluindo o ex-primeiro-ministro britânico John Major, e personalidades russas como Mikhail Kasyanov, ex-primeiro-ministro de Putin, e a viúva de Yeltsin.
O presidente Vladimir Putin não compareceu, mas enviou uma pessoa em seu nome, enquanto o primeiro-ministro Dimitri Medvedev enviou uma coroa de flores.
Nemtsov foi baleado pouco antes da meia-noite ao caminhar sobre uma ponte perto do Kremlin na companhia de sua namorada, a modelo ucraniana Ganna Duritska.
O crime ocorreu em uma área geralmente bem vigiada pelas forças de segurança, devido à sua proximidade com o Kremlin.
Parentes e amigos de Nemtsov revelaram que o opositor estava preparando um relatório sobre a presença de tropas russas no leste da Ucrânia, enquanto Moscou nega qualquer envolvimento de suas tropas ao lado dos separatistas.
O opositor havia confessado recentemente que temia ser morto na Rússia.
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