Jornal Estado de Minas

Dois suspeitos de envolvimento na morte do opositor russo Nemtsov são detidos

AFP

Apoiadores da oposição na Rússia carregam cartazes de Boris Nemtsov durante marcha feita em Moscou no começo de março - Foto: AFP PHOTO / YURI KADOBNOV

Duas pessoas foram detidas neste sábado na Rússia por possível envolvimento na morte do opositor Boris Nemtsov, assassinado em 27 de fevereiro perto do Kremlin, de acordo com o Serviço Federal de Segurança russo (FSB).


O assassinato de Boris Nemtsov, um dos principais opositores do presidente Vladimir Putin e conhecido por seu combate à corrupção, provocou comoção no país.


"Dois suspeitos foram detidos hoje em relação com este assassinato: Anzor Gubashev e Zaur Dadayev. O chefe de Estado já foi informado", declarou à televisão pública o diretor do FSB, Alexander Bortnikov.


Os dois homens são originários do Cáucaso, afirmou, indicando que a investigação continua.


Os investigadores não descartam nenhuma hipótese: de crime político à pista islamita, pelo apoio de Nemtsov à revista satírica francesa Charlie Hebdo, ou até mesmo um assassinato ligado ao conflito ucraniano executado por "elementos radicais".


Mas a oposição russa acusa o governo do presidente Vladimir Putin de estar por trás deste assassinato.


Putin chamou o assassinado de "provocação" para desestabilizar a Rússia e prometeu que os responsáveis serão julgados.


Depois de anunciar as prisões, o ex-número um do FSB, sucessor da KGB soviética, agora um advogado, Nikolai Kovalev, declarou à agência RIA Novosti que os primeiros relatos indicam que os dois homens não passam de assassinos contratados.


"A chave será encontrar quem ordenou este assassinato", disse ele.


O opositor Ilya Yashin comemorou as detenções, mas solicitou mais informações sobre a identidade dos detidos.


"Esperamos que a prisão (...) não seja um erro, mas o resultado de um bom trabalho das forças de segurança, mas no momento é difícil dizer", disse à Interfax.


"Francamente, a forma como a investigação tem sido conduzida não tem trazido otimismo, mas o fato de que houve detenções faz gerar algum otimismo", acrescentou.


O assassinato de Nemtsov, ex-vice-ministro do governo do presidente Boris Yeltsin (1991-1999) provocou uma onda de agitação na Rússia e recebeu condenação internacional.


Milhares de pessoas prestaram suas últimas homenagens na terça-feira, 3 de março, a Nemtsov, antes de seu enterro em um cemitério de Moscou. Participaram do funeral numerosos políticos e diplomatas estrangeiros, incluindo o ex-primeiro-ministro britânico John Major, e personalidades russas como Mikhail Kasyanov, ex-primeiro-ministro de Putin, e a viúva de Yeltsin.


O presidente Vladimir Putin não compareceu, mas enviou uma pessoa em seu nome, enquanto o primeiro-ministro Dimitri Medvedev enviou uma coroa de flores.


Nemtsov foi baleado pouco antes da meia-noite ao caminhar sobre uma ponte perto do Kremlin na companhia de sua namorada, a modelo ucraniana Ganna Duritska.


O crime ocorreu em uma área geralmente bem vigiada pelas forças de segurança, devido à sua proximidade com o Kremlin.


Parentes e amigos de Nemtsov revelaram que o opositor estava preparando um relatório sobre a presença de tropas russas no leste da Ucrânia, enquanto Moscou nega qualquer envolvimento de suas tropas ao lado dos separatistas.


O opositor havia confessado recentemente que temia ser morto na Rússia.

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