Dois policiais foram alvejados em frente ao Departamento de Polícia de Ferguson na madrugada desta quinta-feira quando manifestantes se reuniam no local em protesto à renúncia do chefe de polícia da cidade, que se tornou um símbolo das tensões raciais nos Estados Unidos, depois de um oficial branco ter matado a tiros um adolescente negro de 18 anos.
Os disparos foram feitos horas depois de o prefeito de Ferguson ter anunciado a renúncia do chefe de polícia Thomas Jackson, após a publicação de um relatório do governo federal que afirma haver preconceito no departamento de polícia e no sistema judicial.
Antes dos disparos, alguns dos manifestantes gritavam palavras de ordem com o objetivo de deixar claro que não estavam satisfeitos com as renúncias de Jackson e do administrador municipal John Shaw, no início da semana, informou o jornal St. Louis Post-Dispatch.
Um policial de 32 anos foi atingido no rosto e outro, de 41 anos, foi alvejado no ombro, disse o chefe de polícia do condado de St. Louis, Jon Belmar, em coletiva de imprensa. Os dois foram levados ao hospital onde, segundo Belmar, os policiais estavam conscientes, embora seus ferimentos tenham sido "graves". "Para ser honesto, eu não sei quem fez os disparos", declarou Belmar, acrescentando que não tinha como fornecer a descrição de um suspeito ou a arma usada no ataque.
Protestos se tornaram algo comum em Ferguson, que registrou manifestações muito maiores após o assassinato a tiros de Michael Brown em 9 de agosto do ano passado pelo policial Darren Wilson. Quando Wilson, que é branco, foi liberado em novembro por um júri popular, a decisão deu início a mais protestos, saques e incêndios. O episódio desta quinta-feira foi o primeiro no qual um policial foi alvejado durante um protesto.
Após os disparos, policiais armados e com coletes à prova de balas circularam a delegacia e mais de dez veículos policiais bloquearam a rua. Jackson foi o sexto funcionário que pediu demissão ou foi dispensado depois de o relatório do Departamento de Justiça ter descoberto um sistema judicial com fins lucrativos e um forte viés racial no departamento de polícia de Ferguson.
Mas outro relatório do Departamento de Justiça, divulgado no mesmo dia, libertou Wilson das acusações civis relacionadas ao caso. Wilson pediu demissão.