Jornal Estado de Minas

Síria: EUA defendem renúncia do presidente Assad

AFP

O governo americano insistiu, nesta quinta-feira, na renúncia do presidente sírio, Bashar al-Assad, e homenageou "os valentes sírios" que combatem a tirania, no aniversário de quatro anos do início de guerra civil nesse país.

"Durante quatro anos, o regime de Al-Assad respondeu aos pedidos de liberdade e de reformas dos sírios com implacável brutalidade, autoritarismo e destruição", declarou à imprensa a porta-voz do Departamento de Estado americano, Jen Psaki.

"Como dissemos durante muito tempo, Al-Assad deve sair e fazer uma transição política negociada, que seja representativa de todo o povo sírio", frisou.

A saída de Al-Assad é uma condição para a "completa estabilização" do país, insistiu a porta-voz.

"Por ocasião desse aniversário sombrio, lembramos de todos que sofrem e dos valentes sírios que lutam contra a tirania e combatem por um futuro de respeito aos direitos fundamentais, à tolerância e à prosperidade", acrescentou Psaki.

No ano passado, Washington conseguiu levar representantes da oposição síria e do governo Al-Assad à mesa de negociações.

Desde então, porém, as conversas fracassaram rapidamente, e não há previsão de que sejam retomadas.

Ban pede ação do CSNU

Também nesta quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu que o Conselho de Segurança (CSNU) tome medidas decisivas para colocar fim à guerra na Síria.

"O povo sírio se sente cada vez mais abandonado pelo mundo, quando se inicia o quinto ano da guerra que destruiu seu país", disse Ban.

O sofrimento continua "à vista da comunidade internacional, ainda dividida e incapaz de tomar iniciativas coletivas para deter a matança e a destruição", lamentou.

"Faço um apelo ao Conselho de Segurança para que tome medidas decisivas para resolver a crise" na Síria, convocou.

O Conselho está dividido sobre como conseguir a paz na Síria. A Rússia bloqueia qualquer iniciativa para punir o regime de seu aliado Bashar al-Assad.

O apelo feito por Ban Ki-moon acontece no dia em que mais de 20 organizações não-governamentais acusaram o Conselho de Segurança de "fracassar na Síria", apesar de três resoluções pedindo maior esforço pela paz, acesso à ajuda humanitária e proteção da população civil.

Em um relatório divulgado nesta quinta, as ONGs também acusaram a comunidade internacional de ser, em parte, responsável pelo ano mais sombrio já vivido pelos civis no conflito na Síria, ao não conseguir administrar o crescente desastre humanitário.

As agências da ONU lutam para fazer chegar ajuda aos 4,8 milhões de sírios que se encontram em áreas "difíceis de alcançar", já que estão cercadas por tropas do governo, ou por forças controladas por militantes do grupo Estado Islâmico.

A ajuda internacional para os civis refugiados e deslocados se reduziu, levando os funcionários da ONU a lamentarem o "cansaço dos doadores".

Ban presidirá uma conferência de países doadores no Kuwait, em 31 de março, com o objetivo de arrecadar o montante necessário para enfrentar a profunda crise humanitária que devasta a Síria.

O ex-secretário-geral assistente da ONU para Assuntos Humanitários Jan Egeland, que agora dirige o Conselho norueguês para Refugiados, disse à AFP que a crise é uma "traição aos nossos ideais, porque, supõe-se, não deveríamos estar vendo um povo sofrer e morrer em 2015".

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