Jornal Estado de Minas

Estado Islâmico aceita promessa de fidelidade do Boko Haram

Beirute, Líbano, 13 - Militantes do Estado Islâmico aceitaram a promessa de fidelidade do grupo extremista nigeriano Boko Haram, segundo porta-voz do movimento islamita que controla partes dos territórios do Iraque e da Síria.

A divulgação da informação acontece num momento em que os grupos, os mais impiedosos do mundo, estão sob crescente pressão militar e registraram retrocessos nos campos de batalha.

O Estado Islâmico tomou a maior parte do norte e do oeste do Iraque em meados de 2014, controlando um terço do Iraque e da Síria.
Atualmente, o grupo luta contra forças iraquianas que tentam retomar a cidade natal de Saddam Hussein, Tikrit, ao mesmo tempo em que está sob ataques aéreos da coalizão liderada pelos Estados Unidos em outras partes do Iraque e da Síria.

Já o Boko Haram tem perdido força em razão da ação de uma força multinacional que partiu de uma série de cidades do nordeste da Nigéria. Mas sua nova conta no Twiter, mensagens de vídeo melhores e em maior número, além de um novo braço de mídia são considerados sinais de que o grupo está recebendo ajuda de especialistas do Estado Islâmico.

No sábado, o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, postou uma gravação de áudio na internet prometendo fidelidade ao Estado Islâmico.

"Nós anunciamos nossa aliança ao califa dos muçulmanos...e o ouviremos e obedeceremos em tempos de dificuldade e prosperidade, em períodos ruins e bons, suportaremos a discriminação. Não contestaremos regras nem aqueles que estão no poder, exceto em caso de evidente infidelidade, tendo em vista que isso é uma prova de Alá", diz a mensagem do Boko Haram.

Na quinta-feira, o braço de mídia do Estado Islâmico, o Al-Furqan, divulgou uma mensagem de áudio do porta-voz Abu Mohammed al-Adnani afirmando que a promessa de fidelidade do Boko Haram havia sido aceita e dizendo que o califado agora se expandiu para a África ocidental e que "ninguém pode ficar neste caminho".

J. Peter Pham, diretor do Centro Africano do Atlantic Council (Conselho Atlântico), um centro de pesquisas de Washington, lembrou que o Estado Islâmico aceitou rapidamente a aliança com o Boko Haram e que isso representa novos riscos.

"Os militantes que considerarem que está cada vez mais difícil chegar à Síria e ao Iraque podem escolher ir para o nordeste da Nigéria e internacionalizar o conflito", escreveu Pham em e-mail para a Associated Press.

No passado, como foi o caso de grupos afiliados do Estado Islâmico no Egito, Iêmen e Líbia, foram necessárias semanas até que o grupo respondesse ao pedidos de aliança.

"A rápida, pode-se dizer acelerada, aceitação do pedido do Boko Haram pelo Estado Islâmico" mostra que os dois grupos precisavam do estímulo de propaganda advindo da afiliação, acrescentou Pham. Fonte: Associated Press..