Os físicos do maior acelerador de partículas do mundo chegaram à medida mais precisa até hoje do bóson de Higgs, encontrada após uma busca de quase meio século - informou o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern), nesta terça-feira.
Segundo a organização, dois laboratórios do Grande Colisor de Hádrons (LHC), normalmente em competição amistosa, uniram suas forças pela primeira vez com o objetivo de fazer esta estimativa comum.
Usando tecnologias diferentes, os laboratórios Atlas e CMS encontraram que a inalcançável partícula tem uma massa de 125,09 giga elétron-volt (GeV), com uma margem de erro de 0,24 GeV para mais ou para menos.
O número "corresponde a uma precisão de medida superior a 0,2%", informou o Cern em comunicado.
A estimativa da massa do Bóson de Higgs foi revelada durante coletiva de imprensa em La Thuile, na região italiana do Vale de Aosta, segundo o Cern. "É a medida mais precisa da massa do bóson até hoje, e é uma das medidas mais precisas já obtidas no LHC", acrescentou.
O Bóson de Higgs é considerado pelos físicos como a chave-mestra para a estrutura fundamental da matéria, a partícula elementar que confere massa a inúmeras outras, segundo a teoria do Modelo Padrão.
Sua existência foi prevista pela primeira vez em 1964, por Peter Higgs, François Englert e Robert Brout - mas foram necessários 48 anos para confirmá-la.
A descoberta do célebre Bóson de Higgs deu o prêmio Nobel de 2013 ao belga François Englert e ao britânico Peter Higgs.
"O Bóson de Higgs foi descoberto no LHC em 2012 e o estudo de suas propriedades começou imediatamente", declarou Tiziano Camporesi, porta-voz do laboratório CMS (Compact Muon Solenoid). Ele explicou que somando esforços, Atlas e CMS conseguiriam "compreender melhor esta partícula fascinante e estudar seu comportamento".
"Uma vez determinada a massa do Bóson de Higgs, é possível, dentro do espectro do Modelo Padrão, efetuar previsões para todas as outras propriedades do Bóson de Higgs, que depois poderão ser verificadas", ressaltou o Cern.
O LHC deve ser reativado entre final de maio e início de junho, após uma manutenção de dois anos.
O complexo compreende um túnel em forma de anel de 27 km - que se estende no subsolo da fronteira entre França e Suíça - onde milhares de prótons se colidem, transformando-se em todos os tipos de partículas.
Juntos, os laboratórios Atlas e CMS têm mais de 5.000 cientistas provenientes de mais de 50 países.