Benjamin Netanyahu conquistou uma vitória inesperada nas eleições legislativas em Israel e garantiu o terceiro mandato consecutivo à frente do governo, depois de descartar a ideia de um Estado palestino e irritar o governo dos Estados Unidos, um aliado chave.
"Farei todo o possível para garantir a prosperidade e segurança dos cidadãos de Israel e, se Deus quiser, teremos êxito e vamos prosperar", afirmou durante uma uma visita ao Muro das Lamentações em Jerusalém, o lugar mais sagrado do judaísmo. Apesar de ser apontado como perdedor nas pesquisas, Netanyahu, que está no cargo desde 2009, foi o grande vencedor das eleições e é praticamente seguro que Netanyahu será convocado pelo presidente Reuven Rivlin para assumir seu terceiro mandato consecutivo, o quarto de sua carreira política contando o período de 1996-1999.
Mas as perspectivas de um novo mandato para o político de linha dura, cujo discurso seguiu ainda para a direita durante a campanha, podem projetar uma sombra ainda maior nas relações, já estremecidas, entre Israel e os palestinos, além de agravar a tensão com Washington. Na segunda-feira, 'Bibi' voltou a reafirmar a ideia de impedir a criação de um Estado palestino.
O presidente palestino Mahmud Abbas avisou que trabalhará com qualquer governo israelense que aceite a solução de dois Estados, uma opção que Netanyahu afirmou no fim da campanha que não existe para o Likud. "Para nós dá no mesmo quem será o próximo primeiro-ministro de Israel, o que esperamos é que seu governo reconheça a solução de dois Estados", declarou Nabil Abu Rudeina, porta-voz de Abbas.
"Israel escolheu o caminho do racismo, da ocupação e da colonização, e não o das negociações", disse à AFP, por sua parte, Yasser Abed Rabo, secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). O chefe dos negociadores palestinos, Saeb Erakat, se comprometeu a "acelerar, continuar e intensificar" os esforços diplomáticos, incluindo a iminente apresentação de uma denúncia contra Israel por supostos crimes de guerra ao Tribunal Penal Internacional de Haia.
Negociações de governo
Segundo a lei israelense, o resultado final da votação deve ser divulgado em um prazo de oito dias, mas uma fonte do Comitê Central das Eleições disse à AFP que estará disponível na quinta-feira à tarde. Uma vez proclamado o resultado oficial, o presidente Reuven Rivlin terá sete dias para pedir a um líder político - quase com toda certeza Netanyahu - que forme um governo. As negociações, intensas, já tiveram início.
Netanyahu se reuniu com os líderes de vários partidos e tem a intenção de trabalhar imediatamente na formação do governo, para concluir esta tarefa em um prazo de duas a três semanas, afirma um comunicado do partido de direita. Ele pode optar por uma coalizão voltada para a direita, o que complicaria ainda mais as relações com a comunidade internacional, incluindo o grande aliado de Israel, Estados Unidos. Também pode pensar em uma coalizão de centro ou por um governo de unidade nacional com os trabalhistas.
Netanyahu já entrou em contato com o Lar Judeu, partido nacionalista religioso que conquistou oito cadeiras, e com os ultraortodoxos Shas e Judaísmo Unido da Torá (sete cadeiras cada), assim como com o Israel Beitenu, partido nacionalista do ministro das Relações Exteriores Avigdor Lieberman (6 cadeiras), segundo o partido.
Também conversou com outro aliado potencial, Moshe Kahlon, que saiu do Likud e lidera um novo partido de centro-direita mais voltado para o social, o Kulanu, que conquistou 10 cadeiras no Parlamento. Depois de fazer suspense, Kahlon anunciou que está disposto a entrar em um governo dirigido por Netanyahu, que no domingo prometeu a pasta das Finanças caso fosse eleito.
"No papel, Isaac Herzog não tem chances de reunir uma maioria que dependeria do apoio da Lista Comum (aliança árabe), que inclui deputados abertamente antissionistas", disse Claude Klein, especialista em Direito Constitucional na Universidade Hebraica de Jerusalém. A lista única dos partidos árabes foi a outra grande surpresa das eleições, com 14 cadeiras, e sai das urnas como a terceira força política.
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