Jornal Estado de Minas

Ataques a mesquitas xiitas no Iêmen deixam ao menos 137 mortos

Os triplos atentados ocorreram contra templos da capital iemenita, Sanaa, controlada pelas milícias xiitas huthis, o que pode elevar as tensões entre xiitas e seus oponentes sunitas

Suicidas atacaram as mesquitas de Badr e al-Hashoosh durante as orações do meio-dia desta sexta-feira, tradicionalmente as mais movimentadas da semana - Foto: AFP PHOTO / MOHAMMED HUWAIS

A emissora de televisão Al-Masirah, pertencente aos rebeldes xiitas do Iêmen, informou que 137 pessoas morreram e 345 ficaram feridas nos ataques a duas mesquitas controladas pelo grupo na capital do país, Sanaa. Os números foram divulgados nesta sexta-feira, horas após os ataques.A emissora disse também que os hospitais pedem aos cidadãos que doem sangue.

Um grupo que afirma ser o braço iemenita do Estado Islâmico diz ter sido responsável pelos atentados. Em comunicado postado na internet, o grupo diz que cinco de seus suicidas realizaram o que descreve como "uma operação abençoada" contra "antros de xiitas". O suicidas atacaram as mesquitas de Badr e Al-Hashoosh,tradicionalmente as mais movimentadas da semana, durante as orações do meio-dia.

A afirmação, postada online, não pode ser verificada de forma independente e não apresenta provas da participação do Estado Islâmico. A mensagem foi colocada no mesmo site no qual o grupo líbio ligado ao Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pelo ataque de quarta-feira a um museu na Tunísia

Ataques
Um dos ataques foi registrado num complexo do governo na província de Saada, reduto houthi onde vive o líder do grupo, Abdul Malik Al Houthi. Duas pessoas morreram e uma terceira está em estado grave, informaram dois funcionários do governo.Os ataques desta sexta-feira foram os primeiros a ter como alvo mesquitas controladas pelos houthis, o que pode elevar as tensões entre xiitas e seus oponentes sunitas.

Testemunhas disseram que pelo menos dois suicidas realizaram o ataque no interior da mesquita de Badr. Um deles caminhou no interior da mesquita e detonou o artefato que levava junto ao corpo, provocando pânico quando dezenas de fiéis correram na direção dos portões. Neste momento, um segundo suicida detonou seus explosivos no meio da multidão.

Uma testemunha na mesquita de al-Hashoosh, localizada num bairro do norte de Sanaa, disse que foi jogado a dois metros de distância após a explosão.
"As cabeças, pernas e braços dos mortos estavam espalhados pelo chão da mesquita", disse Mohammed al-Ansi à Associated Press, acrescentando que "sangue corria como um rio" pelo local.

Al-Ansi disse também que os que não morreram na explosão estavam gravemente feridos por causa do vidro quebrado das janelas da mesquita. Ele se lembra de correr para a porta, juntamente com outros sobreviventes e ouvir um homem gritando "voltem, salvem os feridos!"

A rede de televisão xiita exibiu imagens do interior da mesquita de Al-Hashoosh, onde voluntários usaram cobertores ensanguentados para retirar as vítimas. Dentre os mortos havia uma criança pequena. Corpos foram enfileirados no chão da mesquita e levados em picapes.

Os ataques aconteceram um dia depois de intensos combates na cidade de Áden, no sul do país, entre tropas leais ao ex-presidente e ao atual, que deixaram 13 mortos e levaram ao fechamento do aeroporto internacional. .