Os especialistas indicaram que ouviram vozes, mas acrescentaram que é preciso identificá-las. Eles disseram que ainda "não têm a menor explicação" sobre as causas do acidente que deixou 150 mortos.
O "invólucro" da segunda caixa-preta da aeronave da companhia alemã foi encontrado, mas "não a caixa-preta em si", revelou o presidente francês François Hollande, que sobrevoou o local da tragédia com a chanceler alemã Angela Merkel. Hollande, Merkel e o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, prestaram uma homenagem às vítimas da tragédia no início da tarde desta quarta-feira, em Seyne-les-Alpes, nos Alpes franceses.
Visivelmente emocionados, o presidente francês, o chefe de Governo espanhol e a chanceler alemã conversaram com bombeiros e militares que participam das operações de busca na zona. Depois, foram para uma capela onde, longe da imprensa, prestaram uma homenagem às 150 vítimas. Entre os mortos, há vários alemães e espanhóis.
Um momento de recolhimento também aconteceu frente à montanha, na aldeia próxima de Le Vernet, de onde se pode ver o local da catástrofe.
Hollande prometeu "esclarecer" as circunstâncias da tragédia, enquanto Angela Merkel considerou que "é bom ver que, nessas horas tão difíceis, permanecemos juntos e unidos pela amizade".
"Trabalharemos juntos e investigaremos juntos, como deve ser enquanto europeus, mas, sobretudo e antes de tudo, enquanto seres humanos", ressaltou, por sua vez, Mariano Rajoy.
Segundo a companhia alemã Lufthansa, proprietária da Germanwings, "o avião estava tecnicamente em perfeito estado e os dois pilotos eram experientes". A tripulação não emitiu nenhum aviso de emergência durante a queda da aeronave que durou oito minutos, segundo a Germanwings.
"Nenhuma hipótese foi descartada", com exceção de uma explosão em pleno voo, reiterou nesta quarta-feira o primeiro-ministro francês, Manuel Valls.
Ao mesmo tempo, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, explicou que o governo francês não privilegia a hipótese terrorista na investigação das causas do acidente.
Buscas
A perigosa operação para recuperar os destroços do aparelho foi retomada logo ao amanhecer desta quarta-feira, uma tarefa que será complexa em consequência da dispersão de partes do avião em uma ampla área montanhosa de difícil acesso entre Digne-les-Bains e Barcelonette (Alpes da Alta Provença).
O Airbus A320 da Germanwings, uma companhia de baixo custo, filial da Lufthansa, caiu na terça-feira em uma área com montanhas que chegam a 3.000 metros de altitude. A aeronave seguia de Barcelona (Espanha) para Düsseldorf (Alemanha) com 144 passageiros e seis membros da tripulação a bordo.
A identificação dos corpos "levará dias, ou até mesmo semanas", segundo a Justiça francesa.
Em Seyne-les-Alpes, foi montado um importante dispositivo de abrigo e apoio psicológico às famílias das vítimas, envolvendo hospedagem, alimentação, atendimento psiquiátrico, enfermeiros, entre outros.
Monumento em memória das vítimas
Durante a visita dos três líderes europeus, as prefeituras das duas pequenas comunidades vizinhas do local do acidente propuseram um monumento em homenagem às vítimas. "Temos um vilarejo de 150 habitantes, e há 150 vítimas. Então, para nós, é como se todo o vilarejo tivesse sido arrasado de uma só vez da face da Terra", afirmou um dos prefeitos, François Balique, que dirige a localidade de Le Vernet.
A companhia Lufthansa informou que disponibilizará dois voos para levar os familiares das vítimas nesta quinta-feira a Marselha, de onde serão conduzidos até as proximidades do local da tragédia. Alemanha e Espanha foram os países mais atingidos pela catástrofe aérea, a pior registrada na França em mais de 30 anos.
(Com AFP).