Sistemas que travam a porta da cabine de aviões existem desde a década de 1980 e os procedimentos rigorosos se tornaram padrão após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos para evitar que invasores assumam o controle de aeronaves civis.
"Existe um sistema de vigilância de vídeo que permite que uma pessoa que queira entrar na cabine seja identificada. Apenas um piloto lá dentro pode destravar a porta", acrescentou o porta-voz.
O sistema foi amplamente adotado após a utilização de aviões nos ataques de 11 de setembro de 2001 que mataram quase 3.000 pessoas em Nova York e Washington.
A agência europeia de segurança aérea (EASA) e sua equivalente americana, FAA, declararam que a indústria aérea encontrou maneiras de evitar a tomada de aviões de passageiros, mesmo sob a ameaça de força letal. "Os sistemas diferem de acordo com cada avião e companhia aérea para evitar um padrão e prevenir que supostos terroristas saibam como funcionam", disse um especialista no setor que pediu para não ser identificado.
Nos aviões da Germanwings exigem um código de acesso para abrir a porta, mas a companhia aérea, que é propriedade da Lufthansa, não quis fornecer detalhes "por razões de segurança", nem dizer se um pé-de-cabra ou um dispositivo semelhante estava disponível para forçar a abertura da porta. Alguns aviões, mas não todos, têm colocado ferramentas como machados para seu uso em tais casos.
O especialista do setor declarou que um código lança um sinal para pedir que a porta seja aberta. Se ninguém dentro da cabine responder, a porta é desbloqueada automaticamente um minuto depois. No entanto, o acesso à cabine ainda pode ser evitado se o piloto determinar que proteger o controle da aeronave é a prioridade.
A câmera de vídeo permite que o piloto ou o copiloto vejam o que está acontecendo do outro lado da porta, e eles têm um interruptor que pode bloquear o acesso "com o objetivo de prevenir um ato ilícito", explicou a piloto de Boeing 737 Daphne Desrosiers em uma rádio francesa. Outro código secreto aciona um sinal mais forte, mas se a pessoa dentro da cabine estiver determinada a impedir o acesso, não é possível entrar, disse o especialista do setor.
"Os sistemas são variáveis e podem ser personalizados" pelas companhias aéreas e, até agora, "ninguém é capaz de explicar a cadeia de eventos" que levaram ao acidente nos Alpes, acrescentou o especialista.
Um porta-voz da Lufthansa confirmou que a porta da cabine só poderia ser desbloqueada "a partir de dentro, pressionando um botão".