A Lufthansa admitiu nesta terça-feira que o copiloto do avião da Germanwings, que teria deliberadamente derrubado a aeronave nos Alpes Franceses, matando a si próprio e outras 149 pessoas a bordo, informou à companhia, em 2009, ter sofrido anteriormente de depressão severa.
A empresa alemã, da qual a Germanwings é subsidiária, declarou ter entregue à justiça documentos obtidos "por meio de novas investigações internas", "no interesse de uma elucidação rápida e sem falhas" das circunstâncias da tragédia.
Entre estes documentos, consta informação relacionada à formação de pilotagem de Andreas Lubitz, "documentos médicos", e "a correspondência por correio entre o copiloto e a escola de pilotagem".
Foi por meio desta correspondência que o jovem entregou, em 2009, documentos médicos que diziam que ele estava capacitado para continuar sua formação, embora tivesse sofrido um "episódio depressivo severo".
O presidente da Lufthansa, Carsten Spohr, que na quarta-feira visitará a zona da queda do avião para homenagear as equipes que trabalham no campo, afirmou na semana passada que não tinha "o menor indício" sobre as motivações do copiloto.
Spohr explicou então que o copiloto tinha interrompido a formação durante "vários meses" há seis anos por motivos que, segundo o encarregado, não tinha o direito de revelar.
Andreas Lubitz passou em todas as provas necessárias e conseguiu concluir sua formação. Era "100% capaz de pilotar" um avião, assegurou Spohr.
Provisões das seguradoras
As seguradoras da Germanwings anunciaram nesta terça-feira ter feito provisões de 300 milhões de dólares (279 milhões de euros), após a catástrofe do Airbus.
"Posso confirmar que 300 milhões de dólares foram colocados como provisão" para fazer frente às possíveis ações por perdas e danos pelas famílias das vítimas do avião, declarou um porta-voz da Lufthansa, confirmando, assim, informações publicadas no periódico Handelsblatt.
Segundo o jornal de negócios, o montante pago no caso de um acidente aéreo costuma chegar a US$ 1 milhão por passageiro, mas devido a questões jurídicas, a presença de americanos entre as vítimas fatais poderia resultar em uma indenização maior.
O avião estava assegurado em US$ 6,5 milhões, de acordo com o Handelsblatt.
Andreas Lubitz se trancou sozinho na cabine, aproveitando-se da breve ausência do comandante. Ele é suspeito de ter jogado deliberadamente o avião contra as montanhas, deduziu a justiça francesa a partir das gravações de áudio registradas em uma das duas caixas-pretas, recuperada pelos investigadores.
Especialistas israelenses
Enquanto isso, as operações de buscas no local do impacto do A320 nos Alpes franceses continuavam nesta terça-feira, exatamente uma semana depois da tragédia.
Segundo o jornal alemão Frankfurter Allgemeine, oito especialistas israelenses foram enviados ao local para ajudar a recuperar os restos mortais de uma vítima judia. Estes especialistas são treinados neste tipo de trabalho, devido aos atentados em Israel. O judaísmo impõe a integridade dos corpos dos mortos para seu sepultamento.
Investigadores e gendarmes franceses conseguem chegar ao local usando uma trilha aberta no domingo.
"Trabalhamos mais rápido, até mais tarde e trazemos mais restos", informou a gendarmeria francesa, destacando que foram encontradas "mais de 4.000 peças", incluindo pedaços do avião e restos humanos.
As equipes devem "concluir em 8 de abril o trabalho de repatriação dos corpos e das peças importantes" do avião. "Depois, uma empresa civil contratada pela Lufthansa vai descontaminar" a área, acrescentou a fonte.
Estão sendo feitos trabalhos de "exploração na terra", diante da possibilidade de que a caixa-preta que ainda não foi encontrada "esteja enterrada".
Em um comunicado, o Escritório de Investigação e Análises para a Aviação Civil (BEA) indicou que vai se esforçar "em descrever mais precisamente, de um ponto de vista técnico, o desenvolvimento do voo".
"Este trabalho se baseará em particular na análise detalhada das informações da gravação sonora do CVR (Cockpit Voice Recorder, a caixa-preta encontrada) e na exploração de parâmetros do voo disponíveis", acrescentou.
A investigação, por outro lado, vai "estudar as falhas sistêmicas que puderam causar" a tragédia. "A investigação de segurança se interessa em particular na lógica do sistema de fechamento das portas das cabines de pilotos e nos procedimentos de acesso e de saída" da mesma, "assim como aos critérios suscetíveis de detectar perfis psicológicos particulares".