Após nove anos de viagens e 4,8 bilhões de quilômetros, a sonda americana New Horizons começou a explorar Plutão para desvendar os mistérios do distante planeta anão e suas luas.
Depois de um longo período de hibernação de 1.873 dias para preservar seus instrumentos e sistemas eletrônicos, a sonda da agência espacial norte-americana (Nasa) começou a exploração de Plutão em 15 de janeiro, a uma distância de 260 milhões de quilômetros.
Até agora, as imagens transmitidas são apenas pontos de luz que os cientistas da Nasa usam para guiar a nave ao seu destino, localizado precisamente a 12.500 km da superfície de Plutão, ponto mais próximo de sobrevoo.
A atmosfera em torno de Plutão, descoberta em 1930, faz com que seja impossível uma órbita ao redor do planeta, forçando a sonda para a observação remota.
Apesar da baixa luminosidade de Plutão e sua lua Caronte, a sonda New Horizons deve coletar dados sobre a geologia das duas estrelas e estabelecer uma topografia precisa. "New Horizons está a caminho de Plutão, o maior e mais complexo de planetas anões no Cinturão de Kuiper", um grande anel de detritos em torno do sistema solar, explicou Alan Stern, do Instituto de Pesquisa do Sudoeste (SWRI), principal cientista da missão.
"Este 'encontro do século 21' será uma exploração de impacto (...) sem igual desde as missões Voyager nos anos 1980", disse terça-feira em conferência de imprensa. As duas sondas Voyager - entre elas uma que saiu do sistema solar - voou sobre os planetas Júpiter, Saturno, Urano, Netuno e 48 de seus satélites.
"Com este voo sem precedentes em julho, nosso conhecimento sobre Plutão e suas luas vai aumentar de forma exponencial e eu não tenho nenhuma dúvida de que vamos fazer descobertas emocionantes", disse John Grunsfeld, chefe de missões científicas da Nasa.
MENOR QUE A LUA Plutão, que tem cinco luas, tem uma atmosfera composta de nitrogênio, um sistema de estações complexo, características geológicas distintas e é composto principalmente de rocha e gelo.
O planeta anão gira em torno do sol em 247,7 anos. Com um diâmetro de 2300 km, é menor do que a Lua e tem uma massa 500 vezes inferior à da Terra. Plutão pode ter um oceano de água sob o gelo grosso, assim como sua lua Charon, onde poderia existir uma atmosfera.
Uma vez que a sonda tenha concluído sua missão de observação de Plutão e Caronte, ele poderia continuar sua jornada para se aproximar de outros objetos no Cinturão de Kuiper, uma vasta pilha de escombros para além da órbita de Netuno formada no momento do nascimento do sistema solar há 4,6 bilhões anos.
Graças ao telescópio espacial Hubble, a missão científica da New Horizons identificou três objetos potencialmente interessantes, que a sonda poderia ir vasculhar. Com um diâmetro de 25 a 55 km, estão a cerca de 1,5 bilhões de quilômetros da Plutão.
A nave espacial tem a bordo sete instrumentos, como espectrômetros de imagens em infravermelho e ultravioleta, duas câmeras com um telescópio de alta resolução, dois poderosos espectrômetros de partículas e um detector de poeira espacial. A energia da sonda New Horizons depende de um único gerador termoelétrico e opera com menos eletricidade do que duas lâmpadas de 100 watts.
A Nasa também convida os internautas, até 24 de abril, a ajudar os cientistas a batizarem localizações geográficas de Plutão e suas luas. Em 2006, a União Astronômica Internacional retirou o estatuto de planeta de Plutão dado seu pequeno tamanho - tendo sido enquadrado na categoria de planetas anões.
O sistema solar conta, hoje em dia, com apenas oito planetas.